A função da filosofia, escreve E. Morin, é a de alimentar o debate que permite fazer escolhas e dar um sentido à acção. E lutar contra um pensamento único, tecnocrático, que se imporia como evidência. Ora, a função do debate é essencial na Cidade, pois sem a crítica a tecnificação torna-se uma ameaça real à liberdade.
"A especificidade das tecnologias de comunicação do século XX, com a transmissão de som e de imagem, reside na sua capacidade para chegar a todos os públicos, a todos os meios sociais e culturais. À partida, os meios de comunicação social do século XX são tributários da lógica do número. E se algo pode simbolizar a sociedade dos nossos dias, esse algo será o tríptico: sociedade de consumo, democracia de massas e meios de comunicação social de massas - três características que instalam no coração da sociedade contemporânea a questão, tão essencial, mas tão pouco estudada, do número e da massa."
Dominique Wolton, E Depois da Internet?
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Recordar não tem conteúdo vivencial.
(...)
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Seria possível pensar a seguinte situação:uma pessoa recorda-se, pela primeira vez na
sua vida, duma casa e diz "Agora já sei o que é recordar, o que é que recordar me faz".
- "Como é que ela sabe que este sentimento é"recordar"? Compara: "agora já sei o que é
ser-se picado (acabava de receber pela primeira vez um choque eléctrico).
- Sabe ela que esta sensação é recordar, por ter sido provocada pelo passado?
E como é que ela sabe o que é o passado? O homem aprende o conceito de passado ao recordar.
(...)
L. Wittgenstein, Investigações Filosóficas, F. C. Gulbenkian, p. 609
sophia de mello breyner andresen