Sem memória não há pensamento, sem pensamento não há ideias, e sem ideias não há futuro.
Natália Correia
( imagem - Alfredo Cunha)
Certo! A escola pública de qualidade é a única que garante igualdade de oportunidades.
"Os impostos que pagamos são para manter um ensino público que garanta da melhor forma possível um princípio base das democracias europeias: a igualdade de oportunidades"
"Essa liberdade de escolha de que tanto se fala esbarra com a vontade dos colégios privados e com profundas desigualdades sociais. O Estado teria de superar essa falha privada, abrindo as portas a serviços públicos feitos apenas para os pobres. Resultado? Teríamos de ir até outros continentes menos desenvolvidos para os encontrar. Finalmente, os rankings mostram-nos que escola privada não significa melhor qualidade. Há de tudo. Todas as democracias, sem excepção, se debatem com os mesmos problemas e os vão resolvendo à sua maneira."
"E se parássemos para pensar?" Teresa de Sousa (29/05/2016)
Abril já feito.
E ainda por fazer.
Manuel Alegre
A função da filosofia, escreve E. Morin, é a de alimentar o debate que permite fazer escolhas e dar um sentido à acção. E lutar contra um pensamento único, tecnocrático, que se imporia como evidência. Ora, a função do debate é essencial na Cidade, pois sem a crítica a tecnificação torna-se uma ameaça real à liberdade.
"A especificidade das tecnologias de comunicação do século XX, com a transmissão de som e de imagem, reside na sua capacidade para chegar a todos os públicos, a todos os meios sociais e culturais. À partida, os meios de comunicação social do século XX são tributários da lógica do número. E se algo pode simbolizar a sociedade dos nossos dias, esse algo será o tríptico: sociedade de consumo, democracia de massas e meios de comunicação social de massas - três características que instalam no coração da sociedade contemporânea a questão, tão essencial, mas tão pouco estudada, do número e da massa."
Dominique Wolton, E Depois da Internet?
- A nação é de todos. A nação tem de ser igual para todos. Se não é igual para todos, é que os dirigentes, que se chamam Estado, se tornaram quadrilha. Se não presta ouvido ao que eu penso e não me deixa pensar como quero, se não deixa liberdade aos meus actos, desde que não prejudiquem o vizinho, tornou-se cárcere. Não, os serranos, mil, cinco mil, dez mil, têm tanto direito a ser respeitados como os restantes senhores da comunidade. Era a moral de Cristo: por uma ovelha... Se os sacrificam, cometem uma acção bárbara, e eles estão no direito de se levantar por todos os meios contra tal política.
Aquilino Ribeiro, Quando os Lobos Uivam, 1958
Porque a democracia resta por vir, tal é a sua essência na medida em que ela resta: não apenas ela restará indefinidamente perfectível, logo sempre insuficiente e futura mas, pertencendo ao tempo da promessa, restará sempre, em cada um dos seus tempos futuros, por vir [à venir]: mesmo quando há democracia, esta não existe nunca, não está nunca presente, permanecendo o tema de um conceito não apresentável. Será possível abrir ao "vem" de uma certa democracia que não seja mais um insulto à amizade que tentámos pensar para além do esquema homo-fraternal e falologocêntrico? Quando estaremos nós prontos para uma experiência da liberdade e da igualdade que faça a prova respeitosa desta amizade, e que seja finalmente justa, justa para além do direito, quer dizer, à medida da sua desmesura? Ó meus amigos democratas…
Derrida, Políticas da Amizade
(...) A democracia consiste em submeter o poder político a um controlo.
Popper, Karl e Contry, John, Televisão: um perigo para a democracia, 1ª Edição, Gradiva, Lisboa, 1995
O poder trava o poder.
Montesquie
A liberdade, sim, a liberdade!
A verdadeira liberdade!
Pensar sem desejos nem convicções.
Ser dono de si mesmo sem influência de romances!
Existir sem Freud nem aeroplanos,
Sem cabarets, nem na alma, sem velocidades, nem no cansaço!
A liberdade do vagar, do pensamento são, do amor às coisas naturais
A liberdade de amar a moral que é preciso dar à vida!
Como o luar quando as nuvens abrem
A grande liberdade cristã da minha infância que rezava
Estende de repente sobre a terra inteira o seu manto de prata para mim...
A liberdade, a lucidez, o raciocínio coerente,
A noção jurídica da alma dos outros como humana,
A alegria de ter estas coisas, e poder outra vez
Gozar os campos sem referência a coisa nenhuma
E beber água como se fosse todos os vinhos do mundo!
Passos todos passinhos de criança...
Sorriso da velha bondosa...
Apertar da mão do amigo...
Que vida que tem sido a minha!
Quanto tempo de espera no apeadeiro!
Quanto viver pintado em impresso da vida!
Ah, tenho uma sede sã. Dêem-me a liberdade,
Dêem-ma no púcaro velho de ao pé do pote
Da casa do campo da minha velha infância...
Eu bebia e ele chiava,
Eu era fresco e ele era fresco,
E como eu não tinha nada que me ralasse, era livre.
Que é do púcaro e da inocência?
Que é de quem eu deveria ter sido?
E salvo este desejo de liberdade e de bem e de ar, que é de mim?
Álvaro de Campos
O que é que legitimamente se deve fazer, em democracia, quando um qualquer governo não quer governar?
A ciência é, de algum modo, como a democracia. Não há nada de transcendental que assegure a sua existência: esta tem de ser mantida todos os dias pelos que participam nela.
Jorge Dias de Deus, Da Crítica da Ciência à Negação da Ciência, Gradiva, 2003, pág 12
Apliquemos, mesmo sendo por imitação, esta teimosia à contingência dos nossos lugares.
Simples. Sem crítica.
sophia de mello breyner andresen