Sábado, 19.07.14

 

Não o prazer, não a glória, não o poder: a liberdade, unicamente a liberdade.

 

Fernando Pessoa, Livro do Desassossego.



publicado por omeuinstante às 17:52 | link do post

Segunda-feira, 23.12.13

 

Festas felizes e um óptimo ano de 2014

 

Nasce um Deus. Outros morrem. A verdade

Nem veio nem se foi: o Erro mudou.

Temos agora uma outra Eternidade,

E era sempre melhor o que passou.

Cega, a Ciência a inútil gleba lavra.

Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.

Um novo Deus é só uma palavra.

Não procures nem creias: tudo é oculto.

 

Fernando Pessoa



publicado por omeuinstante às 23:19 | link do post

Domingo, 29.09.13

 

Há metáforas que são mais reais do que a gente que anda na rua.


Bernardo Soares, Livro do Desassossego 




publicado por omeuinstante às 16:47 | link do post

Domingo, 31.03.13

 

Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego...

Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...

Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...

Fernando Pessoa, Cancioneiro



publicado por omeuinstante às 19:03 | link do post

Segunda-feira, 04.03.13


Cansa sentir quando se pensa.


Fernando Pessoa, Cancioneiro
(9-11-1932)
 



publicado por omeuinstante às 19:27 | link do post

Sexta-feira, 07.12.12

A delicadeza deve concluir-se, e não ver-se. (...) A grosseria só começa quando começa a delicadeza; e o impudor desde que o pudor exista.

Fernando Pessoa



publicado por omeuinstante às 12:52 | link do post

Quarta-feira, 19.09.12

Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.
Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.

Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.

E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre -
Esse rio sem fim.

Fernando Pessoa, 11-9-1933 



publicado por omeuinstante às 17:17 | link do post

Terça-feira, 12.06.12

Se as coisas são estilhaços

Do saber do universo,

Seja eu os meus pedaços,

Impreciso e disperso
 

Fernando Pessoa



publicado por omeuinstante às 23:15 | link do post

Quarta-feira, 29.02.12

Dorme sobre o meu seio, 
Sonhando de sonhar... 
No teu olhar eu leio 
Um lúbrico vagar. 
Dorme no sonho de existir 
E na ilusão de amar. 
Tudo é nada, e tudo 
Um sonho finge ser. 
O 'spaço negro é mudo. 
Dorme, e, ao adormecer, 
Saibas do coração sorrir 
Sorrisos de esquecer.

Dorme sobre o meu seio, 
Sem mágoa nem amor...

No teu olhar eu leio 
O íntimo torpor 
De quem conhece o nada-ser 
De vida e gozo e dor.

 

Fernando Pessoa


 



publicado por omeuinstante às 20:37 | link do post

Segunda-feira, 27.02.12

Quem me roubou a minha dor antiga, 
E só a vida me deixou por dor? 
Quem, entre o incêndio da alma em que o ser periga, 
Me deixou só no fogo e no torpor? 

Quem fez a fantasia minha amiga, 
Negando o fruto e emurchecendo a flor? 
Ninguém ou o Fado, e a fantasia siga 
A seu infiel e irreal sabor... 

Quem me dispôs para o que não pudesse? 
Quem me fadou para o que não conheço 
Na teia do real que ninguém tece? 
Quem me arrancou ao sonho que me odiava 
E me deu só a vida em que me esqueço, 
“Onde a minha saudade a cor se trava ?” 

Fernando Pessoa, Cancioneiro



publicado por omeuinstante às 10:00 | link do post

Quarta-feira, 22.02.12

Ao longe, ao luar,

No rio uma vela,

Serena a passar,

Que é que me revela ?

Não sei, mas meu ser

Tornou-se-me estranho,

E eu sonho sem ver

Os sonhos que tenho.

 

Que angústia me enlaça ?

Que amor não se explica ?

É a vela que passa

Na noite que fica.

 

Fernando Pessoa



publicado por omeuinstante às 18:05 | link do post

Quarta-feira, 07.12.11

Não há normas. Todos os homens são excepções a uma regra que não existe.

Fernando Pessoa, Aforismos e Afins.



publicado por omeuinstante às 10:00 | link do post

Segunda-feira, 14.11.11


publicado por omeuinstante às 10:14 | link do post

Domingo, 06.11.11

Ó sino da minha aldeia, 
Dolente na tarde calma, 
Cada tua badalada 
Soa dentro da minha alma.

 

E é tão lento o teu soar, 
Tão como triste da vida, 
Que já a primeira pancada 
Tem o som de repetida.

 

Por mais que me tanjas perto 
Quando passo, sempre errante, 
És para mim como um sonho, 
Soas-me na alma distante.

 

A cada pancada tua, 
Vibrante no céu aberto, 
Sinto mais longe o passado, 
Sinto a saudade mais perto.

Fernando Pessoa, Revista Renascença, 1914 

 

Pequena capela, na fachada externa da Mesquita-catedral de Córdoba.
(Agosto de 2011)



publicado por omeuinstante às 16:06 | link do post

Quarta-feira, 07.09.11

Vai alta no céu a lua da Primavera
Penso em ti e dentro de mim estou completo.

Corre pelos vagos campos até mim uma brisa ligeira.
Penso em ti, murmuro o teu nome; e não sou eu: sou feliz.

Fernando Pessoa, Pastor Amoroso  



publicado por omeuinstante às 10:00 | link do post

Quinta-feira, 11.08.11

 

(...)
Amar é a eterna inocência,

E a única inocência é não pensar...

 

Fernando Pessoa



publicado por omeuinstante às 22:00 | link do post

Quarta-feira, 20.07.11

leio e abandono-me. Não ao livro, mas a mim.

 

 

Fernando Pessoa



publicado por omeuinstante às 10:00 | link do post

Domingo, 19.06.11

Para hoje, domingo, uma digressão suave contextualizada por Fernando Pessoa:

Ah, todo o cais é uma saudade de Pedra. 



publicado por omeuinstante às 10:00 | link do post

Quarta-feira, 08.06.11
Minha alma é uma orquestra oculta; não sei que instrumentos tangem e rangem, cordas e harpas, timbales e tambores, dentro de mim. Só me conheço como sinfonia.

Fernando Pessoa


publicado por omeuinstante às 16:13 | link do post

Quinta-feira, 02.06.11

Ao longe, ao luar, 
No rio uma vela, 
Serena a passar, 
Que é que me revela ? 
Não sei, mas meu ser 
Tornou-se-me estranho, 
E eu sonho sem ver 
Os sonhos que tenho. 

Que angústia me enlaça ? 
Que amor não se explica ? 
É a vela que passa 
Na noite que fica.

Fernando Pessoa



publicado por omeuinstante às 17:00 | link do post

443245.jpeg
Sem a música, a vida seria um erro. Nietzsche
links
posts recentes

Elos

Natal

Para Desassossegar

Chove. Nada apetece...

Tudo Isto Me parece Tudo

Fragmentos

Margens

Fragmentos

Dorme sobre o meu seio

Quem

Junho 2020
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9
10
11
12
13

14
15
16
17
18
19
20

21
22
23
24
25
26

28
29
30


tags

arte

cinema

david mourão-ferreira

educação

estética

eugénio de andrade

fernando pessoa

filosofia

fragmentos

leituras

literatura

livros

miguel torga

música

noctua

pintura

poesia

política

quotidiano

sophia de mello breyner andresen

todas as tags

arquivos

Junho 2020

Maio 2020

Junho 2019

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Janeiro 2018

Outubro 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

blogs SAPO