Procida, Nápoles
O carteiro de Pablo Neruda é um filme que não esquecemos. Foi na ilha de Procida que ganhou corpo. Há pouco tempo, em Abril, visitei-a. Tendo Neruda como guia, confirmei: Procida é autêntica, ainda. Aqui, “ a claridade está presa”.
Sobre o jovem carteiro não posso falar. Não o encontrei; e não o procurei. Mas a sua alma aprendiz do Amor, da Amizade e das Metáforas, acompanhou os passos deste itinerário.
Descrição
De acordo com Byung-Chul Han, uma das mais inovadoras vozes filosóficas surgidas na Alemanha, o Ocidente está a tornar-se uma sociedade do cansaço.
Segundo este autor germano-coreano, qualquer época tem as suas doenças características. Houve uma época bacteriana, que terminou com a descoberta dos antibióticos. A época viral foi ultrapassada através das técnicas imunológicas, apesar dos periódicos receios de uma pandemia gripal.
O início do século XXI, do ponto de vista patológico, seria sobretudo neuronal. A depressão, as perturbações de atenção devidas à hiperactividade e a síndroma do desgaste profissional definem o panorama atual.
8-11-1915
Nunca sei como é que se pode achar um poente triste.
Só se é por um poente não ser uma madrugada.
Mas se ele é um poente, como é que ele havia de ser uma madrugada?
A. Caeiro
O Futuro é uma construção colectiva.
António Arnaut
(1936-2018)
Que tempo é o nosso? Há quem diga que é um tempo a que falta amor. Convenhamos que é, pelo menos, um tempo em que tudo o que era nobre foi degradado, convertido em mercadoria. A obsessão do lucro foi transformando o homem num objecto com preço marcado. Estrangeiro a si próprio, surdo ao apelo do sangue, asfixiando a alma por todos os meios ao seu alcance, o que vem à tona é o mais abominável dos simulacros. Toda a arte moderna nos dá conta dessa catástrofe: o desencontro do homem com o homem. A sua grandeza reside nessa denúncia; a sua dignidade, em não pactuar com a mentira; a sua coragem, em arrancar máscaras e máscaras. (...)
Eugénio de Andrade, Afluentes do Silêncio
"Só o bem pode ser profundo e radical."
Hannah Arendt
Que algumas livrarias estão a morrer é verdade, mas não são todas as livrarias, que o mercado caminha para haver ou grandes livrarias como a Fnac ou livrarias de culto como a Letra Livre é verdade, que o mundo das grandes cidades como Lisboa e Porto, dominado pelos efeitos imobiliários do boom turístico, é hostil ao mercado livreiro, tudo isto é verdade. Mas também é verdade que a edição de livros é muito má, que traduções, edições, revisões, grafismo são pouco cuidados e que os professores que iam encomendar livros à Leitura hoje não compram livros, nem na Amazon — como os estudantes não os lêem. O deserto livreiro que são as universidades estende-se à sua volta onde só os ingénuos pensam que sobrevivem livrarias, quando o que está a dar são casas de fotocópias.
José Pacheco Pereira
O filme que aconselho hoje: Caramel.
O meu sonho de felicidade seria não haver necessidade de poesia como género literário por ela se achar realizada na vida.
Natália Correia
Entrevista, Adrian Currie
2084 - Imagine é um ciclo de conversas sobre o tempo da próxima geração. Numa parceria entre o Centro Cultural de Belém e o PÚBLICO, a realizadora Graça Castanheira ouve pessoas que, a partir das suas áreas de estudo, pensam e idealizam a nossa existência comum, procurando debater especificamente o impacto das tecnologias emergentes na vida de todos os dias.
" (...) a história humana, embora velha de milénios, quando comparada às enormes tarefas que estão diante de nós, talvez tenha apenas começado. Na verdade, aqueles que não partilham a sua riqueza arriscam-se a partilhar a miséria alheia."
Norberto Bobbio, A Era dos Direitos
Agosto de 2017
A criação artística e a obra de arte
sophia de mello breyner andresen