Só o amor e a arte tornam a existência tolerável.
W. Somerset Maugham
Eu vi a eternidade nos teus dedos!
Eu vi a eternidade, e amedrontou-me
saber, tão de repente, tais segredos.
- Eu não mereci, sequer, saber-te o nome.
David Mourão-Ferreira, Obra Poética -1948-1988, Presença, 2006 p. 39
Toda a gente considera "claras" as ideias que possuem o mesmo grau de confusão que as suas.
Marcel Proust
À medida que o conhecimento aumenta, o espanto aprofunda-se.
C. Morgan
Os deuses graciosamente fazem-nos dom de um primeiro verso: mas cabe-nos a nós forjar o segundo.
Valery
Os seres humanos são o que nós nos lembramos deles. O que nós chamamos vida é, no fim de contas, a manta de retalhos da lembrança de um outro.
Joseph Brodsky
Toda a lei é uma infracção da liberdade.
Jeremy Bentham (1748-1832), Utilitarismo.
Sem memória não há pensamento, sem pensamento não há ideias, e sem ideias não há futuro.
Natália Correia
Preocupo-me mais com a minha consciência do que com a minha reputação, porque a minha consciência é o que sou, e a minha reputação é o que os outros pensam de mim. E o que os outros pensam de mim, sinceramente, é problema deles!
Bob Marley
Porque é Natal...
Prelúdio de Natal Tudo principiava Só depois se rasgava a festa começava A cidade ficava David Mourão-Ferreira |
BOAS FESTAS
Natal, e não Dezembro
Entremos, apressados, friorentos,
Numa gruta, no bojo de um navio,
Num presépio, num prédio, num presídio,
No prédio que amanhã for demolido…
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
Porque esta noite chama-se Dezembro,
Porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
Duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
A cave, a gruta, o sulco de uma nave…
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
Talvez seja Natal e não Dezembro,
Talvez universal a consoada.
David Mourão-Ferreira
Sempre que, prestes a sucumbir ao mórbido do desalento, toco estas fragas, todas as energias perdidas começam de novo a correr-me nas veias. É como se recebesse instantaneamente uma transfusão de seiva. Sei, contudo, que o prodígio não aconteceria sem a força amorosa do meu apelo, que as virtudes terapêuticas da fonte estão também na certeza da sede de quem bebe. (…) E quando chegar o dia em que a debilidade do ânimo seja tanta que já não consiga sequer confiar no valor do condão? Finos, os antigos, entenderam logo de entrada que o fabuloso não é mais do que a realidade aureolada. Que basta um homem ficar com a vontade tolhida para que Héracles – um dos muitos disfarces da morte – o vença irremediavelmente.
Miguel Torga, Diário XI, 1943
As palavras não nos falam nunca em linha recta. Há sempre um estado de reflexão oscilante.
A Filosofia é uma elipse que contém dois centros, diz Schlegel.
Defensor de uma filosofia do diálogo Emmanuel Lévinas, diz:
Comunico-me só se me despossuir.
É um facto, Nietzsche enlouqueceu, Hölderlin endoideceu, Rilke não conseguiu entrar com o seu corpo no poema, Virginia Woolf suicidou-se, Spinoza acabou silenciando-se, Kafka foi apanhado a tempo por uma tuberculose galopante, Pessoa foi-se degradando no alcoolismo, Kierkgaard acabou triste e só. Nestas coisas, não há hereditariedade, mas há permanência do vórtice vibratório.
Maria Gabriela Llansol
sophia de mello breyner andresen