Terça-feira, 31 de Janeiro de 2012

Tolerância deriva do latim tolerare e significa suportar. Tolerar é, assim, permitir comportamentos com os quais não estamos de acordo. Logo, a discordância é um requisito da tolerância.Tolerar é reconhecer ao Outro o direito de pensar e agir de modo diferente. Contudo, não significa que aceitemos o relativismo moral em toda a sua extensão. A universalidade da Carta dos Direitos Humanos continua a ser a referência balizadora duma sociedade justa. Há valores inegociáveis.



publicado por omeuinstante às 16:06 | link do post

Segunda-feira, 30 de Janeiro de 2012



publicado por omeuinstante às 21:00 | link do post

É quando um espelho, no quarto,
se enfastia;
Quando a noite se destaca
da cortina;
Quando a carne tem o travo
da saliva,
e a saliva sabe a carne
dissolvida;
Quando a força de vontade
ressuscita;
Quando o pé sobre o sapato
se equilibra...
E quando às sete da tarde
morre o dia
- que dentro de nossas almas
se ilumina,
com luz lívida, a palavra
despedida.

David Mourão Ferreira



publicado por omeuinstante às 19:00 | link do post

Para Gaston Bachelard ( 1884-1962), a ciência e o senso comum diferem uma vez que fazem parte de esferas cognitivas diferentes. Estamos perante aquilo a que ele chama "corte epistemológico", momento que afasta a ciência dos ruídos exteriores, "os obstáculos epistemológicos".



publicado por omeuinstante às 12:42 | link do post

O amor é belo e bom; o resto é silêncio, mais o princípio da incerteza.


 Duvida da luz dos astros,

De que o sol tenha calor,

Duvida até da verdade,

Mas confia em meu amor.

 William Shakespeare



publicado por omeuinstante às 09:00 | link do post

Domingo, 29 de Janeiro de 2012


publicado por omeuinstante às 20:35 | link do post

Sábado, 28 de Janeiro de 2012

O dizer poético, expressionista, do austríaco Georg Trakl (1887-1914), lembra as fúrias de Orfeu. Um poeta da noite, da solidão e das imagens quase cinematográficas, que acompanho no crepúsculo deste inverno solarengo.

 

Pastores enterraram o sol na floresta nua.
Um pescador puxou a lua
Do lago gelado em áspera rede.

No cristal azul
Mora o pálido Homem, o rosto apoiado nas suas estrelas;
Ou curva a cabeça em sono purpúreo.

Mas sempre comove o vôo negro dos pássaros
Ao observador, santidade de flores azuis.
O silêncio próximo pensa no esquecido, anjos apagados.

De novo a fronte anoitece em pedra lunar;
Um rapaz irradiante
Surge a irmã em outono e negra decomposição.

 

 



publicado por omeuinstante às 18:32 | link do post

Sexta-feira, 27 de Janeiro de 2012

O filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662), salienta que a consciência é o melhor livro de moral e o que menos se consulta.



publicado por omeuinstante às 21:49 | link do post

Deito-me tarde
Espero por uma espécie de silêncio
Que nunca chega cedo
Espero a atenção a concentração da hora tardia
Ardente e nua
É então que os espelhos acendem o seu segundo brilho
É então que se vê o desenho do vazio
É então que se vê subitamente
A nossa própria mão poisada sobre a mesa

É então que se vê passar o silêncio

Navegação antiquíssima e solene


Sophia Mello Breyner Andresen




publicado por omeuinstante às 13:00 | link do post

A Revista Portuguesa de Filosofia, tomo 66-Fasc4, 2010, inclui um artigo Sobre a Mente Consciente na Natureza de Samuel Butler, apresentado por Manuel Curado. No resumo pode ler-se que Butler foi um dos primeiros autores a compreender que o evolucionismo de Darwin precisa de ser completado com uma reflexão sobre a evolução das máquinas. O estudo paralelo salienta a dificuldade da abordagem do campo de estudo da evolução da mente senciente. O artigo conjectura a favor de uma noção de mente alargada: se existe uma evolução paralela de autómatos e de seres orgânicos desde o inicío da vida na Terra e se os organismos biológicos evoluem lado a lado com próteses mecânicas e é previsível que existam no futuro formas de simbiose entre humanos e máquinas, segue-se que a mente humana deverá ser entendida num sentido mais alargado do que o habitual.
Darei conta por aqui da leitura deste artigo fascinante.



publicado por omeuinstante às 09:00 | link do post

Quinta-feira, 26 de Janeiro de 2012


publicado por omeuinstante às 20:14 | link do post

Li um dia, não sei onde,
Que em todos os namorados
Uns amam muito, e os outros
Contentam-se em ser amados.

Fico a cismar pensativa
Neste mistério encantado...
Diga prá mim: de nós dois
Quem ama e quem é amado?...


Florbela Espanca



publicado por omeuinstante às 10:00 | link do post

Quarta-feira, 25 de Janeiro de 2012

 Pelo lápis multipétalo de Natália, recebemos a sustentável leveza do sentir; do ar proibido que respiramos. 

 

 Este homem que entre a multidão 

enternece por vezes destacar 
é sempre o mesmo aqui ou no japão 
a diferença é ele ignorar. 

Muitos mortos foram necessários 
para formar seus dentes um cabelo 
vai movido por pés involuntários 
e endoidece ser eu a percebê-lo. 

Sentam-no à mesa de um café 
num andaime ou sob um pinheiro 
tanto faz desde que se esqueça 
que é homem à espera que cresça 
a árvore que dá dinheiro. 

Alimentam-no do ar proibido 
de um sonho que não é dele 
não tem mais que esse frasco de vidro 
para fechar a estrela do norte. 
E só o seu corpo abolido 
lhe pertence na hora da morte. 

Natália Correia, O Vinho e a Lira



publicado por omeuinstante às 12:29 | link do post

A crítica como atenção ao presente. Palavras que fotografam a alma. Saramago e Sebastião Salgado.


publicado por omeuinstante às 10:00 | link do post

Terça-feira, 24 de Janeiro de 2012


publicado por omeuinstante às 21:01 | link do post


Se me vem tanta glória só de olhar-te,

Se pena desigual deixar de ver-te;

Se presumo com obras merecer-te,

Grão paga de um engano é desejar-te.

 

Se aspiro por quem és a celebrar-te,

Sei certo por quem sou que hei-de ofender-te;

Se mal me quero a mim por bem querer-te,

Que prémio querer posso mais que amar-te?

 

Porque um tão raro amor não me socorre?

Ó humano tesouro! Ó doce glória!

Ditoso quem à morte por ti corre!

 

Sempre escrita estarás nesta memória;

E esta alma viverá, pois por ti morre,

Porque ao fim da batalha é a vitória.

 

Luís de Camões

 


publicado por omeuinstante às 20:16 | link do post

Segunda-feira, 23 de Janeiro de 2012

Guardo na minha pele esta viagem. Para sentir o lento movimento dos dias.

 

Uma coisa é habitar a pele, 

outra, ter a noite por fragata.


Eugénio de Andrade 



publicado por omeuinstante às 13:00 | link do post

Se a linguagem é a morada do Ser, compete usá-la de modo a não nos desfigurarmos. Depois de dita, perduram resíduos.

 Por isso (…) foi dado ao homem a língua, o mais perigoso dos bens (…) para que ele dê testemunho do que ele é (…).

 Hölderlin 



publicado por omeuinstante às 10:00 | link do post

Domingo, 22 de Janeiro de 2012

A propósito das declarações inscientes de Cavaco Silva:

 

Cabe a cada um assumir por sua conta e risco a sua linguagem, pela procura da palavra adequada. À ontologia objectiva ou sociológica da fala deve substituir-se uma ontologia pessoal. O discurso não é mais do que um testemunho do ser, pelo que cabe a cada um fazer com que esse testemunho seja autêntico.

(...) O sentido último da palavra é de ordem moral.
 
Georges Gusdorf, A Palavra, Ed 70, p. 43



publicado por omeuinstante às 22:59 | link do post

Sexta-feira, 20 de Janeiro de 2012



publicado por omeuinstante às 20:00 | link do post

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Sem a música, a vida seria um erro. Nietzsche
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