Como forma de esbater o simulacro da acção política que nos engana, cada vez mais, de forma verdadeira:
É preciso ressuscitar a experiência-atitude de seriedade, densidade e profundidade na arte de se ser.
Em dia de espera da vaga de frio, recordo-me de ter lido que na língua francesa chauffeur significa aquecedor. A confirmação é feita consultando o Dicionário da Origem das Palavras de Orlando Neves. No tempo dos comboios a vapor, chauffeur era o fogueiro que lançava o carvão na fornalha. Perdurou e tornou-se o condutor da composição. A palavra aportuguesou-se e, já dicionarizada, significa chofer, aquele que conduz qualquer veículo motorizado. Diz bem Barthes: somos, ao mesmo tempo, donos e escravos da linguagem.
Para além de qualquer exame crítico, um critério: o belo tem que estar presente.
saber ninguém pode
o que o lago esconde
em seu fundo seio.
assim guardes tu
o que saibamos de outros.
melhor inda: esquece-o.
Herberto Helder, Poemas Ameríndios, Assírio & Alvim ( 1997), p. 60
Paideia é um dos livros da minha vida. A primeira leitura, ainda na adolescência, modelou e configurou, para sempre, o olhar que lanço sobre o Homem e sobre o Mundo. A plasticidade dos vocábulos gregos ficou gravada sob a pele; marcadores harmonizadores duma vida.
A educação participa na vida e no crescimento da sociedade, tanto no seu destino exterior como na sua estruturação interna e desenvolvimento espiritual; e, uma vez que o desenvolvimento social depende da consciência dos valores que regem a vida humana, a história da educação está essencialmente condicionada pela transformação dos valores válidos para cada sociedade.
Werner Jaeger, Paideia, Aster (1979), pág..4
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
Vinícius de Moraes
sophia de mello breyner andresen