Quarta-feira, 31 de Outubro de 2012

Primavera, Verão, Outono, Inverno...Primavera. Neste filme de Kim Ki-duk, as imagens dialogam com a temporalidade (tudo o que se constitui no tempo e está sujeito às consequências da sua passagem)aluguel de imóveis e com o sentido da existência humana. Um percurso de silêncio absoluto, entre o aqui e o eterno. Um olhar sobre a construção da dimensão ética do homem. Um filme onde o instante é compreensivelmente uma inserção paradoxal da eternidade no tempo.hospedagem de site Uma estética inesquecível.

 



publicado por omeuinstante às 13:33 | link do post

Terça-feira, 30 de Outubro de 2012

Dentro de mim me quis eu ver. Tremia, 

Dobrado em dois sobre o meu próprio poço... 
Ah, que terrível face e que arcabouço 
Este meu corpo lânguido escondia! 


Ó boca tumular, cerrada e fria, 
Cujo silêncio esfíngico bem ouço! 
Ó lindos olhos sôfregos, de moço, 
Numa fronte a suar melancolia! 

Assim me desejei nestas imagens. 
Meus poemas requintados e selvagens, 
O meu Desejo os sulca de vermelho: 

Que eu vivo à espera dessa noite estranha, 
Noite de amor em que me goze e tenha, 
...Lá no fundo do poço em que me espelho! 

José Régio, Biografia


publicado por omeuinstante às 14:34 | link do post

Domingo, 28 de Outubro de 2012

Assim se faz o mundo,  intersecção do homem e da linguagem.

 

Ilustração de Rhonald Bommestijn



publicado por omeuinstante às 15:28 | link do post

Sábado, 27 de Outubro de 2012

Não te ofenderei com poemas

 

Param os meus olhos quando penso em ti

Não farei do meu remorso um canto

 

Com árvores e céus mas sem poemas
Demasiado humano para poder ser dito
O teu mundo era simples e difícil
Quotidiano e límpido.

Sophia de Mello Breyner Andresen, Mar Novo, Caminho, pág 35 



publicado por omeuinstante às 15:08 | link do post

Quinta-feira, 25 de Outubro de 2012

O eterno espanto da certeza do momento...

Perante os abismos do antes e do depois, é natural que o homem tenha medo. E que, por isso, ria.
 
Manuel António Pina 



publicado por omeuinstante às 19:57 | link do post

Terça-feira, 23 de Outubro de 2012

Não é possível separar a crise do ensino da Filosofia da crise da Escola, mas é indubitável: a escola vence a filosofia, que vive acantonada sem dar sinais de resistência. 



publicado por omeuinstante às 22:38 | link do post

Segunda-feira, 22 de Outubro de 2012

No Diário, Etty regista às duas e meia da tarde este belíssimo apontamento. A citação transcrita transporta-nos até uma Segunda -feira, de um Agosto distante - 1941.

Às vezes desejava estar numa cela conventual, com a sabedoria sublimada de séculos nas prateleiras de livros ao longo das paredes, e com vista para as searas - têm mesmo de ser searas e também de ondular- e aí eu quereria aprofundar-me nos séculos e em mim mesma, e, com o correr do tempo, viriam então o sossego e a clareza. Mas assim não custaria nada. Aqui, neste lugar, neste mundo e agora, tenho de alcançar o entendimento, o sossego e o equilíbrio. Tenho de me lançar na realidade repetidamente, tenho de me
explicar tudo o que surge no meu caminho, o mundo exterior precisa de receber sustento do meu mundo interior e vice-versa, mas é tudo tão extremamente difícil, e porque é que tenho esta sensação de sufoco por dentro?


Etty Hillesum, Diário 1941-1943, Assírio & Alvim, pág 101



publicado por omeuinstante às 23:06 | link do post

Domingo, 21 de Outubro de 2012

O velho guitarrista cego, 1903 – Pablo Picasso



publicado por omeuinstante às 22:31 | link do post

Sexta-feira, 19 de Outubro de 2012



publicado por omeuinstante às 21:21 | link do post

Manuel António Pina 1943-2012

(...)

Compreendo que os seres humanos procurem sempre um sentido ou um destino. É duro de mais saber que se existe para nada. São os grandes problemas filosóficos. Aquelas perguntas que nos fazem os nossos filhos: onde estava eu antes de ter nascido? O que nos acontece depois de morrer? São esses os grandes problemas filosóficos a que todos procuram responder: de onde vimos e para onde vamos. Toda a arte e toda a literatura reflecte isso. O Borges diz que toda a arte se resume a dois temas: o amor e a morte... e o tempo. O amor através do sexo está ligado ao abismo antes e a morte ao abismo do ser do depois, ao seu desaparecimento. São uma espécie daquilo que os astrónomos chamam horizontes opacos, a partir dali não se pode ver o antes e o depois. É natural que os homens se interroguem. Toda a arte, como toda a filosofia, são interrogativas."
(....)

Entrevista de Nuno Ramos de Almeida a Manuel António Pina, 18 de Fev. 2012



publicado por omeuinstante às 19:35 | link do post

Quarta-feira, 17 de Outubro de 2012

 

Joseph Wright of Derby, 1768, Experiência com um Pássaro numa Bomba de Ar

 

O quadro de Wright é um brilhante resumo dos interesses e atitudes característicos de meados do século XVIII: a Idade da Razão. Um grupo de amigos reuniu-se em casa de um deles para assistir a uma dramática experiência científica, demonstrativa do poder do homem sobre a vida e a morte. O pintor mostra-nos uma grande variedade de reacções dos amigos, pelo que o quadro consegue englobar as esperanças e receios da época, e dá-nos que pensar quanto à nossa, ao enfrentarmos as mudanças resultantes das mais recentes descobertas científicas. Wright era um mestre menor, mas aqui produziu sem dúvida uma obra-prima da mais alta qualidade: tecnicamente perfeita, visualmente agradável e moral e intelectualmente provocante.

R. Cumming
 

 

 



publicado por omeuinstante às 20:41 | link do post

António Ramos Rosa, poeta entre poetas, faz 88 anos. 

O movimento vertical da construção vem de muito longe, de um fundo sem fundo que a visão não capta mas que é a condição primeira da visibilidade. A noite desse fundo é a força que unifica e propaga preenchendo o vazio da pupila e abrindo-a ao mundo.  Essa força é a força da imaginação e a possibilidade de ser o que ainda não se é.
António Ramos Rosa, O Aprendiz Secreto (2001)

 

Fotografia: Gisela Rosa, 2010



publicado por omeuinstante às 11:05 | link do post

Sexta-feira, 12 de Outubro de 2012

No poema A Chama, A Fala, Octavio Paz reconverte a palavra em fala -  essência do homem e do mundo.


A palavra do homem
é filha da morte.


É. A palavra do Homem é feita de Tempo, pequena sílaba...



publicado por omeuinstante às 12:01 | link do post

Quinta-feira, 11 de Outubro de 2012



publicado por omeuinstante às 20:39 | link do post

Em Portugal, Mo Yan tem apenas um livro traduzido, "Peito Grande, Ancas Largas", editado em 2007 pela Ulisseia.


O romance, Peito Grande Ancas Largas, publicado na China em 1995, causou grande controvérsia. Algum conteúdo de teor sexual e o facto de não retratar uma versão da luta de classes consentânea com os cânones do Partido Comunista Chinês, obrigaram Mo Yan a escrever uma autocrítica ao seu próprio livro, e, mais tarde, a retirá-lo de circulação. Ainda assim, inúmeros exemplares continuam a circular clandestinamente.Num país onde os homens dominam, este é um romance épico sobre as mulheres. Sugerido no próprio título, o corpo feminino serve como imagem e metáfora ao livro. A protagonista nasce em 1900 e casa-se com 17 anos. Mãe de 9 filhos, apenas o mais novo, é rapaz. Jintong é inseguro e fraco, contrastando com as 8 irmãs, fortes e corajosas. Cada um dos 6 capítulos representa um período, desde o fim da dinastia Qing, passando pela invasão japonesa, à guerra civil, à revolução cultural e aos anos pós Mao.Um romance que percorre e retrata a China do último século através da vida de uma família em que os seres verdadeiramente fortes e corajosos são as mulheres. - Nota da Editora

Mais Aqui

 



publicado por omeuinstante às 13:25 | link do post

Quarta-feira, 10 de Outubro de 2012

O vocabulário do amor é restrito e repetitivo, porque a sua melhor expressão é o silêncio. Mas é deste silêncio que nasce todo o vocabulário do mundo.


Vergílio Ferreira



publicado por omeuinstante às 13:15 | link do post

Há males que vêm para pior.



publicado por omeuinstante às 12:34 | link do post

Terça-feira, 9 de Outubro de 2012

Quem acredita?

Mitigar: do latim “tornar suave, aliviar”. Logo, tornar menos penoso, reduzir as consequências. 



publicado por omeuinstante às 14:01 | link do post

Domingo, 7 de Outubro de 2012

Quem Poderá Calcular a Órbita da sua Própria Alma?

As pessoas cujo desejo é unicamente a auto-realização, nunca sabem para onde se dirigem. Não podem saber. Numa das acepções da palavra, é obviamente necessário, como o oráculo grego afirmava, conhecermo-nos a nós próprios. É a primeira realização do conhecimento. Mas reconhecer que a alma de um homem é incognoscível é a maior proeza da sabedoria. O derradeiro mistério somos nós próprios. Depois de termos pesado o Sol e medido os passos da Lua e delineado minuciosamente os sete céus, estrela a estrela, restamos ainda nós próprios. Quem poderá calcular a órbita da sua própria alma?
 

Oscar Wilde, De Profundis



publicado por omeuinstante às 19:14 | link do post

O Teatro da Rainha estreou no dia 4 de Outubro o espectáculo O Estranho Corpo da Obra. 
Estive lá. Entrei sem grandes instrumentos hermenêuticos para decifrar esta excelente viagem aos bastidores da escrita do dramaturgo inglês Martim Crimp. Ainda assim, agarrei-me, de forma consistente, às palavras do encenador Fernando Mora Ramos onde descobri alguns marcadores deste novo território narrativo. Mas sem volta a dar, a escrita permanece sempre um corpo estranho.

Frente ao público, desfilam palavras, tensas, que se transformam em actos vividos e, por eles, acedemos ao mundo conflituoso da classe média burguesa, aos seus narcisismos e frustações. Como refere Mora Ramos, o teatro de Crimp é um verdadeiro Cavalo de Tróia crítico e cruel, cómico, no interior das consciências e do sistema burguês parlamentar" representativo" que serve o financismo. Confirma-se, estamos todos encurraladas: o escritor, o encenador, os actores e cada um dos espectadores. Crimp tem muita razão:  Nada expõe com tanta nudez um texto como o palco (...).

Excelente!


 




publicado por omeuinstante às 15:26 | link do post

443245.jpeg
Sem a música, a vida seria um erro. Nietzsche
links
posts recentes

Noctua/Erik Satie

Maria Velho da Costa (193...

Procida

A Sociedade do Cansaço

Ficções do interlúdio

As Noites Afluentes

A Árvore Dos Tamancos

Futuros Distópicos

Fragmento do Homem

No espaço vazio do tempo ...

Junho 2020
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9
10
11
12
13

14
15
16
17
18
19
20

21
22
23
24
25
26

28
29
30


tags

arte

cinema

david mourão-ferreira

educação

estética

eugénio de andrade

fernando pessoa

filosofia

fragmentos

leituras

literatura

livros

miguel torga

música

noctua

pintura

poesia

política

quotidiano

sophia de mello breyner andresen

todas as tags

arquivos

Junho 2020

Maio 2020

Junho 2019

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Janeiro 2018

Outubro 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

blogs SAPO