Domingo, 31 de Março de 2013

 

Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego...

Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...

Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...

Fernando Pessoa, Cancioneiro



publicado por omeuinstante às 19:03 | link do post

Sábado, 30 de Março de 2013

 

 

 

 

 

 

Museu do Comunismo. Praga (2013)



publicado por omeuinstante às 22:37 | link do post

O aforismo, síntese de experiências e de ideias recebidas, surge, na escrita de Agustina Bessa-Luís, como exercício da razão (e)vidente. E,  salienta Teresa Moura Guedes, obriga-nos a rever as nossas ignoradas convicções.

 

Não se deve falar profundamente do que é importante.



publicado por omeuinstante às 21:50 | link do post

 

 

Amanhecer em Praga (2013)



publicado por omeuinstante às 00:01 | link do post

Sexta-feira, 29 de Março de 2013

Frei Bento Domingues, comentando a situação do país e o papel da igreja perante a austeridade, declara: perante tanta injustiça, a insurreição acontecerá. 



publicado por omeuinstante às 21:13 | link do post

Entrevista com Giorgio Agamben

 

 

 Aqui



publicado por omeuinstante às 12:19 | link do post

Quarta-feira, 27 de Março de 2013

Depois de uma semana fora do país, regresso a casa por volta das 21h. A RTP1 tem no ar O Fim do Silêncio, um programa de humor negro acerca das grandes narrativas do passado recente e de algum presente. Em duas horas, José Sócrates transforma-se na Palavra.

 

Com a ajuda de Kafka, permaneço em Praga e memorizo as metamorfoses múltiplas por que passa a história dos homens.



publicado por omeuinstante às 22:12 | link do post

Quarta-feira, 20 de Março de 2013

 

 

 World Press Photo. Daniel Rodrigues.



publicado por omeuinstante às 21:34 | link do post

Quarta-feira, 13 de Março de 2013


                        Canto V - 60

Mas não sejamos pessimistas. Até os pintores

dizem estar a surgir, por estes tempos,

um cesto cheio de novas cores.

Certos tratamentos químicos contemporâneos têm sido

experimentados à luz do sol,

e esta parece finalmente perceber o progresso.

Em pleno século XXI já não fazem sentido astros teimosos

e autónomos.


Gonçalo M. Tavares, Uma Viagem À Índia, Caminho, pág 229.



publicado por omeuinstante às 00:05 | link do post

Terça-feira, 12 de Março de 2013

 

O primeiro grande símbolo do romance A Montanha Mágica: o título, que Thomas Mann retira de O Nascimento da Tragédia.

"Agora a montanha mágica do Olimpo como que se nos abre e mostra as suas raízes. O grego conheceu e sentiu os pavores e horrores da existência: para poder não mais que viver, precisou conceber a resplandecente criatura onírica dos olímpicos.”

A montanha, símbolo da situação do homem perante a morte?


Interpretações... Mas q
uando Hans Castorp ouve A Tília, uma canção de Schubert, compreende que é a morte que se encontra por detrás de tão notável beleza.

 



publicado por omeuinstante às 20:08 | link do post

Domingo, 10 de Março de 2013


Acabei de ouvir a sentença proferida por Junker: " Os demónios de uma guerra europeia estão apenas a dormir"

Perante tal afirmação, e sob o céu chuvoso e turbulento, reservo a noite à leitura de A Montanha Mágica. Alguns críticos, curiosamente,  interpretam o romance como um momento de reflexão sobre o destino da cultura europeia (Europa pré-Segunda Guerra Mundial).



publicado por omeuinstante às 19:46 | link do post


Lola é um filme belíssimo. Os planos narrativos edificam a história, quase documental, de duas avós unidas por uma tragédia, apesar de estarem em lados distintos. Uma é avó de um rapaz que matou um homem durante um assalto e a outra é avó da vítima. Lutam contra o esquecimento dos seus netos, numa cidade consumida por profundas injustiças sociais.

Um filme sobre a determinação da vontade, ainda que encarcerada em corpos frágeis e trespassados pelas tempestades da natureza e da vida.

Neste filme, são os olhos do espectador que dissolvem os dilemas morais mas cansam-se de tanta verdade...
Em Lola, o realizador filipino Brillante Mendoza liberta, pela força da lentidão, um fragmento de realidade.
 



publicado por omeuinstante às 01:00 | link do post

Quarta-feira, 6 de Março de 2013


Quem não me deu Amor, não me deu nada.

Encontro-me parado...

Olho em redor e vejo inacabado

O meu mundo melhor.

Tanto tempo perdido...

Com que saudade o lembro e o bendigo:

Campos de flores

E silvas...

Fonte da vida fui. Medito. Ordeno.

Penso o futuro a haver.

E sigo deslumbrado o pensamento

Que se descobre.

Quem não me deu Amor, não me deu nada.

Desterrado,

Desterrado prossigo.

E sonho-me sem Pátria e sem Amigos.

Adrede.

Ruy Cinatti, O Livro do Nómada meu Amigo

 



publicado por omeuinstante às 15:17 | link do post

Um facto aqui, outro ali, estamos outra vez na Europa de 1945, obrigados a partir do nada, forjando uma geração de contestatários, revendo princípios e valores, estupefactos com a insolência das tríades dominantes. Por enquanto, esse sentimento de estupefacção obnubila a visão de conjunto. Sabemos que algo terá de acontecer, mas não exactamente o quê, nem quando. Até lá, por cada mercearia que falir, um banco será resgatado com o dinheiro dos nossos impostos.

Da Literatura



publicado por omeuinstante às 13:50 | link do post

Terça-feira, 5 de Março de 2013

 

Estamos rodeados de ruído. Da imagem à palavra, é audível a deformidade em que nos afogamos no excesso de tudo; uma catadupa de impressões, que fere a inteligência de qualquer ser. Um aborrecimento, portanto. Vem a propósito lembrar Kierkegaard: o aborrecimento é a raiz de todo o mal. 

 

 

 

 


 


publicado por omeuinstante às 20:40 | link do post

Segunda-feira, 4 de Março de 2013


Cansa sentir quando se pensa.


Fernando Pessoa, Cancioneiro
(9-11-1932)
 



publicado por omeuinstante às 19:27 | link do post

Sábado, 2 de Março de 2013

Porque não há mandatos imperativos.
Caldas cumpriu!



Fotografia - Gazeta das Caldas


 
Fotografia - Blogue Correntes

 



publicado por omeuinstante às 23:50 | link do post



 



publicado por omeuinstante às 00:05 | link do post

Sexta-feira, 1 de Março de 2013



publicado por omeuinstante às 22:42 | link do post

Porque a democracia resta por vir, tal é a sua essência na medida em que ela resta: não apenas ela restará indefinidamente perfectível, logo sempre insuficiente e futura mas, pertencendo ao tempo da promessa, restará sempre, em cada um dos seus tempos futuros, por vir [à venir]: mesmo quando há democracia, esta não existe nunca, não está nunca presente, permanecendo o tema de um conceito não apresentável. Será possível abrir ao "vem" de uma certa democracia que não seja mais um insulto à amizade que tentámos pensar para além do esquema homo-fraternal e falologocêntrico? Quando estaremos nós prontos para uma experiência da liberdade e da igualdade que faça a prova respeitosa desta amizade, e que seja finalmente justa, justa para além do direito, quer dizer, à medida da sua desmesura? Ó meus amigos democratas…

 

Derrida, Políticas da Amizade



publicado por omeuinstante às 00:05 | link do post

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Sem a música, a vida seria um erro. Nietzsche
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