Os balanços desta histórica jornada dos professores são diversos.
É evidente que a devastação a que têm estado sujeitos o sistema escolar e o estatuto profissional dos professores já tem uns anos e ficou intocável (não os vou enumerar pela centésima primeira vez e desculpem-me).
Como sempre se disse, o denominador comum entre os professores é forte (se calhar até diminuíram os motivos de desunião e estamos numa fase elevada de coesão) e isso é um importante aviso às navegações do presente e do futuro. Há os que entendem que as greves deviam continuar até se atingir o cume, embora achem que o prolongamento desta semana seja escusado e que apenas serve a estratégia da CGTP na luta contra o Governo e estas políticas. Regista-se a contradição. Na minha opinião, teriam terminado no momento do entendimento para vincar bem a vitória dos professores e a greve geral de 27 é já outro assunto onde milhares de professores não terão sequer serviço distribuído (e que me desculpem os sobrecarregados correctores de exames).
Perguntam-me: mas terminar sem as questões fundamentais resolvidas? Tendo em conta as circunstâncias, é mais do que razoável. Bem sei que se eliminou a memória, mas nunca pensei que já nem um mesito ou dois se conseguisse recuar.
Senão vejamos: alguém duvida que os professores do quadro teriam uma mobilidade de 200 kms com escolha da escola por parte da administração central? Alguém duvida que a componente lectiva ia ser aumentada em 2 ou 3 horas com a passagem para 40 horas e que existiria uma exclusão lectiva das direcções de turma? Alguém duvida que os professores com mais idade ficariam sem a justa redução da componente lectiva (a legalidade com este Governo já se sabe o que é)? Alguém duvida que as eufemísticas requalificacões se aplicariam já em Setembro como ante-câmara do despedimento de milhares de professores (e de mais fugas para a reforma com brutais penalizações) que se somariam à tragédia de mais uma vaga de desemprego para milhares de professores contratados?
O que se conseguiu foi pouco? Se se renovou a esperança de milhares de contratados e se se atenuou a dor de milhares de professores do quadro, não foi pouco não. Sim, é pena como disse Wittgenstein, que a linguagem não transmita literalmente a dor. Às tantas, e como alguém disse, a esmagadora adesão dos professores deveu-se ao facto de ninguém se sentir a salvo. Que seja. É também, e por incrível que pareça, um excelente sinal para o futuro da resistência do grupo profissional a que me orgulho de pertencer (e se pertencesse a outro teria decerto o mesmo sentimento).
Com uma extraordinária riqueza de meios empregues o número de estúpidos activos é grande. A variedade de formas que a estupidez mostra, o requinte e a complexidade que consegue, torna-a fascinante e inesgotável. Floresce de inspiração a estreiteza mental, proporcionando crescimento demográfico seguro e estável.
A Asserção Estúpida em Geral é a ferramenta ideal para a sistematização do estreitamento mental. A Asserção Estúpida em Geral tem como ponto de contacto com o todo, o comum de todas as coisas: uma dupla característica, o dualismo.
Qualquer frase cujo conteúdo ou modo de expressão prime por expressar a estupidez do seu autor e, por outro, contribuir para estreitar a mente de quem as leve a sério.
Como complemento e para uma sistematização mais profunda, teremos que falar da Estupidez Implícita, de aspecto mais subterrâneo, daí a sua profundidade, que exerce a sua acção e influência no entupimento da inteligência sem que o observador externo se aperceba disso directamente. Engloba todos os casos em que a estupidez não se revela francamente mas está implícita, quase invisível. A grande estupidez brotará na sua plenitude como resultado dum longo e ruminado processo na profundeza íntima da psique.
Bernardo Sassetti Trio
Piano - Bernardo Sassetti
Contrabaixo - Carlos Barretto
Bateria - Alexandre Frazão
14º Festival JazzValado, 08 de Abril de 2011. Inesquecível!
Onde há jazz, há liberdade
O que está em causa é demasiado importante para deixarmos o campo livre para aqueles que apenas pretendem mascarar os factos com argumentos não fundamentados mas apresentados com tamanha certeza discursiva que até quase nos fazem esquecer que estamos perante simples pre(con)ceitos ideológicos. Seja repetir até à exaustão a “Defesa da Escola Pública” como se explicasse tudo, seja usar até à náusea as fórmulas do “Vivemos acima das nossas possibilidades” e “Não há dinheiro” para justificar os cortes em sectores básicos das funções sociais do Estado enquanto permanecem os sorvedouros financeiros de contratos com interesses privados.
Artigo de Paulo Guinote
"É preciso libertar a escola pública do sequestro imposto pelo governo e pela troika", afirmam as 25 figuras da cultura portuguesa que lançaram o manifesto "Obrigado professores", em apoio à greve contra os cortes e despedimentos na Educação.
Servidões. E visões e vozes. Mas sem alma, nada há a salvar. E a música, a música, quando, como, em que termos...
e a música, a música, quando, como, em que termos
extremos
a ouvirei eu,
e ela me salvará da perda da terra, águas que a percorrem,
tão primeiras para o corpo mergulhado,
magníficas,
desmoronadas,
marítimas,
e que eu desapareça na luz delas -
só música ao mesmo tempo nos instrumentos todos,
curto poema completo,
com o autor cá fora salvo no derradeiro instante
numa poalha luminosa?
Servidões, Herberto Helder, Assírio & Alvim, p. 55.
A primeira tarefa que coloquei, ao abrir este blog, foi a de partilhar leituras. No começo, julguei que não durava um ano. Afinal, ainda cá está e faz hoje 3 anos.
Obrigada a todos os que passam por aqui.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
C. Drummond de Andrade
sophia de mello breyner andresen