O poeta e romancista italiano Cesare Pavese (1908-1950) escreveu A Lua e as Fogueiras poucos meses antes de se suicidar, em Turim, num quarto de hotel.
A narrativa gira à volta de um homem sem rosto que regressa à terra onde nasceu, revivendo o passado no presente.
É um livro sobre as origens, sobre a busca de identidade. Simples e belo.
Tantas vezes me havia imaginado encostado ao parapeito da ponte, a interrogar-me como fora possível passar tantos anos naquele buraco, naqueles caminhos, pastoreando a cabra e procurando maçãs caídas no fundo da ribeira, convencido de que o mundo terminava na curva onde a estrada descia até ao Belbo. (...)
Deste modo, durante muito tempo julguei que esta terra onde nasci fosse tudo o que havia no mundo. Agora que vi realmente o mundo e sei que é formado por tantas pequenas aldeias, não sei se em rapaz me enganava muito.
Cesare Pavese, A Lua e as Fogueiras, Colecção Mil Folhas, pp 7-8
sophia de mello breyner andresen