Na Grécia Antiga, o conceito de música designava não só a música propriamente dita mas igualmente as belas-artes. Para os gregos, a extensão do conceito aplicava-se à cultura do espírito em geral. Platão esclarece, no Prólogo do Fédon, esta questão:
No curso da minha vida, tinha sido, com frequência, visitado por um sonho, hoje sob uma forma, amanhã sob outra, o qual me aconselhava constantemente a mesma coisa: Ó Sócrates, dizia ele, trata de cultivar a música e dedica-te a isso. Ora eu julgava que àquilo, que na vida passada tinha feito, me exortava e incitava o sonho. Semelhante aos que animam os corredores, assim ele, na minha opinião, me animava também a prosseguir o que tinha principiado - a dedicar-me à música, pois não existe música, pensava eu, mais excelente que a filosofia, à qual eu me dedico.
sophia de mello breyner andresen