Quarta-feira, 21 de Março de 2012
Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão; tranquilidade e inconstância; pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer...
Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. Ou toca, ou não toca.
Clarice Lispector
De Vasco Tomás a 21 de Março de 2012 às 22:06
Ó VÉSPERA DO PRODÍGIO!
Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na Deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,
Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,
Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,
Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen.
Natália Correia em Poesia Completa, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1999
De
Isabel X a 22 de Março de 2012 às 10:33
Que bom encontrar aqui Clarice Lispector! Gosto tanto da sua escrita! Uma das minhas autoras preferidas. Assim, acrescentada de Natália Correia. Que bom!
- Isabel X -
De Cláudia S. Tomazi a 22 de Março de 2012 às 20:12
Clarice, flor-de-lis espectro!
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