Sem a memória, o coração ficaria vazio.
Em qualquer paisagem, em qualquer recinto onde abarcam os olhos, o número de coisas visíveis é praticamente infinito, mas nós só podemos ver, em cada instante, um número muito reduzido delas.
Todo o ver é, pois, olhar; todo o ouvir, um escutar e, em geral, toda a nossa capacidade de conhecer é um foco luminoso, uma lanterna que alguém, posto atrás dela, dirige a um ou outro quadrante do Universo, repondo sobre a imensa e passiva face do cosmos aqui a luz, ali a sombra.
Adaptado de Ortega y Gasset, Coração e cabeça.
A Persistência da Memória, Salvador Dali (1931)
sophia de mello breyner andresen