(...)
Porém eu procuro-te.
Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te.
Eugénio de Andrade
Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.
Eugénio de Andrade, As Mãos e os Frutos
Apenas um rumor
E no teu rosto aberto sobre o mar
cada palavra era apenas o rumor
de um bando de gaivotas a passar.
Eugénio de Andrade, Os Amantes Sem Dinheiro ( pág 95), Limiar
A presença do ar e da água emoldurando a euforia das vivências.
Palavras aladas que transportam a génese de quase nada.
sophia de mello breyner andresen