Qualquer homem sensato reconhece os limites do seu saber e da sua acção. Ora, o problema de Passos Coelho não reside na explicação da estratégia ao país, mas na estratégia da explicação. É indispensável para o orador conhecer o auditório sobre o qual exerce a acção. Passos Coelho demonstra não o saber, é um político afastado da vida, rodeado de gente que gosta da frescura do ar condicionado dos gabinetes. Quando assim é, o princípio da discutibilidade torna-se inoperante.
Como forma de esbater o simulacro da acção política que nos engana, cada vez mais, de forma verdadeira:
É preciso ressuscitar a experiência-atitude de seriedade, densidade e profundidade na arte de se ser.
Sócrates - (...) Mas aquilo a que eu chamo retórica é a parte de um todo que não pertence ao número das coisas belas.
Górgias - Parte de quê, Sócrates? fala, sem receio de me ofender.
Sócrates - Penso, Górgias, num género de ocupação que nada tem de científico e que exige um espírito intuitivo e empreendedor, por natureza apto para o convívio com as pessoas. Dou-lhe o nome geral de adulação.
Platão, Górgias, Ed 70
sophia de mello breyner andresen