Gerês, 12 de Agosto
Aniversário
Mãe:
Que visita tão pura que me fizeste
Neste dia!
Era a tua memória que sorria
Sobre o meu berço.
Nu e pequeno como me deixaste,
Ia chorar de medo e de abandono.
Então vieste, e outra vez cantaste,
Até que veio o sono.
Miguel Torga, Diário IV, Coimbra (1973), pág 111.
António Ramos Rosa, poeta entre poetas, faz 88 anos.
O movimento vertical da construção vem de muito longe, de um fundo sem fundo que a visão não capta mas que é a condição primeira da visibilidade. A noite desse fundo é a força que unifica e propaga preenchendo o vazio da pupila e abrindo-a ao mundo. Essa força é a força da imaginação e a possibilidade de ser o que ainda não se é.
António Ramos Rosa, O Aprendiz Secreto (2001)
Fotografia: Gisela Rosa, 2010
E, assim, post atrás de post, distraidamente, o blogue faz um ano. Vamos continuar a atirar a rosa ao sonho.
Tão bom viver dia a dia...
A vida assim jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como essas nuvens do céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência...esperança...
E a rosa louca dos ventos
presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
Mário Quintana
sophia de mello breyner andresen