Terça-feira, 29.12.15

 

O dia é alto quando na mesa nada espera que não seja poesia.

 

  António Ramos Rosa



publicado por omeuinstante às 11:30 | link do post

Quarta-feira, 05.12.12

Sob o olhar atento de António Ramos Rosa, um poema de Pedro Tamen sobre a instantaneidade da palavra e a imediatidade do instante. 

 

E agora: a tua pele.

Revejo: é manso o mar.

E sei que o vento corre e que por ele
se colam no teu corpo lembranças de luar.

Descanso: os teus cabelos.

Entrego: já é dia.

Os caules são serenos, e ao vê-los

no côncavo da mão o sol nascia.

António Ramos Rosa, Incisões Oblíquas, Caminho, pág. 89.



publicado por omeuinstante às 13:00 | link do post

Quarta-feira, 17.10.12

António Ramos Rosa, poeta entre poetas, faz 88 anos. 

O movimento vertical da construção vem de muito longe, de um fundo sem fundo que a visão não capta mas que é a condição primeira da visibilidade. A noite desse fundo é a força que unifica e propaga preenchendo o vazio da pupila e abrindo-a ao mundo.  Essa força é a força da imaginação e a possibilidade de ser o que ainda não se é.
António Ramos Rosa, O Aprendiz Secreto (2001)

 

Fotografia: Gisela Rosa, 2010



publicado por omeuinstante às 11:05 | link do post

Terça-feira, 10.07.12

Não há segredo mais supremo nem mais simples do que esta relação vital entre o corpo e o espaço, entre o alento e a paisagem, entre o olhar e o ser.

António Ramos Rosa, O Aprendiz Secreto



publicado por omeuinstante às 23:06 | link do post

Sábado, 07.07.12

A leitora abre o espaço num sopro subtil. 
Lê na violência e no espanto da brancura. 
Principia apaixonada, de surpresa em surpresa. 
Ilumina e inunda e dissemina de arco em arco. 
Ela fala com as pedras do livro, com as sílabas da sombra. 

Ela adere à matéria porosa, à madeira do vento. 
Desce pelos bosques como uma menina descalça. 
Aproxima-se das praias onde o corpo se eleva 
em chama de água. Na imaculada superfície 
ou na espessura latejante, despe-se das formas, 

branca no ar. É um torvelinho harmonioso, 
um pássaro suspenso. A terra ergue-se inteira 
na sede obscura de palavras verticais. 
A água move-se até ao seu princípio puro. 

O poema é um arbusto que não cessa de tremer.

 

António Ramos Rosa, Volante Verde

 



publicado por omeuinstante às 17:01 | link do post

Segunda-feira, 18.06.12

Quem escreve quer morrer, quer renascer 

 num ébrio barco de calma confiança. 

 Quem escreve quer dormir em ombros matinais 

 e na boca das coisas ser lágrima animal 

 ou o sorriso da árvore. Quem escreve 

 quer ser terra sobre terra, solidão 

 adorada, resplandecente, odor de morte 

 e o rumor do sol, a sede da serpente, 

 o sopro sobre o muro, as pedras sem caminho, 

 o negro meio-dia sobre os olhos. 

 

 António Ramos Rosa, Acordes

 




publicado por omeuinstante às 09:03 | link do post

Sexta-feira, 11.11.11


publicado por omeuinstante às 10:00 | link do post

Quarta-feira, 26.10.11

Nada é inacessível no silêncio ou no poema. 
É aqui a abóbada transparente, o vento principia. 
No centro do dia há uma fonte de água clara. 
Se digo árvore a árvore em mim respira. 
Vivo na delícia nua da inocência aberta. 

António Ramos Rosa, Volante Verde



publicado por omeuinstante às 12:00 | link do post

Terça-feira, 13.09.11

Por enquanto o frenesim domina […] Mas a escrita é a última possibilidade de fuga, a respiração ainda. Porque nós estamos cerrados, ameaçados de esmagamento, de emparedamento e de asfixia. […] Temos de minar a língua para que ela se abra e nos abra. […] Deixemos falar os senhores, os que sabem, os que querem dominar. Nós não sabemos mas, na nossa ignorância, sentimos o apelo urgente de um começo, que é o núcleo do silêncio e da palavra. […] Sim, podemos libertar-nos se soubermos a palavra viva que dá voz ao habitante secreto e primordial do nosso corpo, alguém que é ninguém, ninguém que é alguém, sempre ausente mas vivo nas nossas células, na submersa nascente que inaugura o mundo.


António Ramos Rosa, in Prosas seguidas de Diálogos

 



publicado por omeuinstante às 12:58 | link do post

Sábado, 02.07.11

Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha ebriedade é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.

 


António Ramos Rosa, Facilidade do Ar

 



publicado por omeuinstante às 10:00 | link do post

Domingo, 19.06.11

Bela frase de António Ramos Rosa onde o lugar, o tempo e o não-tempo intertextualizam o(s) sentido(s).

 

Aqui agora é nunca.





publicado por omeuinstante às 13:37 | link do post

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Sem a música, a vida seria um erro. Nietzsche
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