"eu disse que os professores mantêm-se; eu não disse manter-se-ão"!
"O ataque à escola pública, esse elevador social que Abril lançou, começou cedo. Em tempos de vender o que é de todos, de interesse estratégico, mesmo se dando lucro (caso dos CTT), a escola pública vai sendo esmagada a favor do colégio privado."
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/crato-essa-revolucao-cultural=f893243#ixzz3FqHVtJcx
De acuerdo con Chomsky, la educación, de cualquier nivel, debe hacer todo lo posible para que los estudiantes adquieran la capacidad de inquirir, crear, innovar y desafiar. “Queremos profesores y estudiantes comprometidos en actividades que resulten satisfactorias, disfrutables, desafiantes, apasionantes. Yo no creo que sea tan difícil”.
“En un seminario universitario razonable, no esperas que los estudiantes tomen apuntes literales y repitan todo lo que tú digas; lo que esperas es que te digan si te equivocas, o que vengan con nuevas ideas, que abran caminos que no habían sido pensados antes. Eso es lo que es la educación en todos los niveles”, concluyó.
Os balanços desta histórica jornada dos professores são diversos.
É evidente que a devastação a que têm estado sujeitos o sistema escolar e o estatuto profissional dos professores já tem uns anos e ficou intocável (não os vou enumerar pela centésima primeira vez e desculpem-me).
Como sempre se disse, o denominador comum entre os professores é forte (se calhar até diminuíram os motivos de desunião e estamos numa fase elevada de coesão) e isso é um importante aviso às navegações do presente e do futuro. Há os que entendem que as greves deviam continuar até se atingir o cume, embora achem que o prolongamento desta semana seja escusado e que apenas serve a estratégia da CGTP na luta contra o Governo e estas políticas. Regista-se a contradição. Na minha opinião, teriam terminado no momento do entendimento para vincar bem a vitória dos professores e a greve geral de 27 é já outro assunto onde milhares de professores não terão sequer serviço distribuído (e que me desculpem os sobrecarregados correctores de exames).
Perguntam-me: mas terminar sem as questões fundamentais resolvidas? Tendo em conta as circunstâncias, é mais do que razoável. Bem sei que se eliminou a memória, mas nunca pensei que já nem um mesito ou dois se conseguisse recuar.
Senão vejamos: alguém duvida que os professores do quadro teriam uma mobilidade de 200 kms com escolha da escola por parte da administração central? Alguém duvida que a componente lectiva ia ser aumentada em 2 ou 3 horas com a passagem para 40 horas e que existiria uma exclusão lectiva das direcções de turma? Alguém duvida que os professores com mais idade ficariam sem a justa redução da componente lectiva (a legalidade com este Governo já se sabe o que é)? Alguém duvida que as eufemísticas requalificacões se aplicariam já em Setembro como ante-câmara do despedimento de milhares de professores (e de mais fugas para a reforma com brutais penalizações) que se somariam à tragédia de mais uma vaga de desemprego para milhares de professores contratados?
O que se conseguiu foi pouco? Se se renovou a esperança de milhares de contratados e se se atenuou a dor de milhares de professores do quadro, não foi pouco não. Sim, é pena como disse Wittgenstein, que a linguagem não transmita literalmente a dor. Às tantas, e como alguém disse, a esmagadora adesão dos professores deveu-se ao facto de ninguém se sentir a salvo. Que seja. É também, e por incrível que pareça, um excelente sinal para o futuro da resistência do grupo profissional a que me orgulho de pertencer (e se pertencesse a outro teria decerto o mesmo sentimento).
O que está em causa é demasiado importante para deixarmos o campo livre para aqueles que apenas pretendem mascarar os factos com argumentos não fundamentados mas apresentados com tamanha certeza discursiva que até quase nos fazem esquecer que estamos perante simples pre(con)ceitos ideológicos. Seja repetir até à exaustão a “Defesa da Escola Pública” como se explicasse tudo, seja usar até à náusea as fórmulas do “Vivemos acima das nossas possibilidades” e “Não há dinheiro” para justificar os cortes em sectores básicos das funções sociais do Estado enquanto permanecem os sorvedouros financeiros de contratos com interesses privados.
Artigo de Paulo Guinote
Ainda esta semana, na secretaria da escola, fui prontamente corrigida ao designar o grupo disciplinar em que lecciono: - Não professora, 410.
Um texto, oportuno, onde, através de um jogo de linguagem, se pensa a Escola e os seus desafios actuais.
Caldas da Rainha: em defesa da escola pública
Aqui
Ninguém compreende mas alguns entendem o apagão (previsto) do dia seguinte. E como a sombra cresce sob as asas do poder...
Depois do dia em verso, o inverso:
A criação dos chamados mega-agrupamentos. Mais uma etapa da gestão caótica que invade o sistema escolar.
Diz o Conselho Nacional de Educação: O reforço da centralização burocrática dentro dos agrupamentos, o aumento do fosso entre quem decide e os problemas concretos a reclamar decisão, a sobrevalorização da gestão administrativa face à gestão autónoma das vertentes pedagógicas, tem vindo a criar problemas novos onde eles não existiam.
Pois, sabíamos, sabemos: um modelo organizacional falho e pernicioso.
Chegámos a um ponto perigoso: damos como relativamente normal que o extravagante, o bizarro, o esdrúxulo e o grotesco entrem no nosso quotidiano e se tornem dominantes. No âmbito do excêntrico, o ministério da Educação é um arquétipo.
Aqui, artigo completo.
Atacar os professores é não mais do que atacar a escola no seu todo, a instrução, o ensino, a possibilidade de transmitir conhecimentos e de acordar ou alimentar espíritos críticos, atentos, capazes de ver para além do imediatamente visto.
E isto interessa a quem não quer ser atacado, a quem, podendo desmedidamente mandar, faz acontecer o seu poder de forma cega, cegando quem interessa mandar.
Podem propagandear toda a pseudopedagogia domingueira que quiserem: se atacar os professores, os alunos e, no fundo, a Escola toda, não é exercer a ditadura, então o que é exercer a ditadura?
João Coelho (Comentário ao post Guardiões do Presente)
Artigo de José Luís Peixoto, publicado na revista Visão de 13 de Outubro de 2011:
Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios, contra o nosso futuro. Resistindo, os professores, pela sua prática, são os guardiões da esperança.
Em sintonia. Guardiões do presente, sem ele não há futuro.
Aqui
Alunos dos tempos modernos: um termina a licenciatura ao Domingo; outro faz o curso num ano. Cada vez se percebe melhor a coerência desta gente: Escola para quê? Encerrem-nas! Encerram-as. Todos os dias. O Ministro Crato que se cuide, um dia destes acorda com o estatuto de professor com horário zero.
Deprimente. Apetece-me o sossego, pois "Quietos fazemos as grandes viagens".
Vivemos numa sociedade a que Mumford chamou de "megamáquina". Neste tipo de sociedade, regida por princípios contrários a uma visão humanística, as funções do governo são delegadas em aglomerados imensos, uma máquina centralmente dirigida, onde, a longo curso, as pessoas passam a existir sem capacidade crítica, tornam-se fracas, passivas e anseiam por um dirigente que "saiba" o que fazer. Neste momento, em Portugal, o modelo burocrático ganha raízes nas escolas.
Esta máquina, tal como um automóvel, funciona praticamente por si só. A pessoa que se encontra por detrás só tem que meter as mudanças, conduzir e travar, prestando atenção a alguns pequenos detalhes: aquilo que no carro ou noutra máquina representam as várias rodas, na "megamáquina" são os muitos níveis de administração burocrática. Até um indivíduo de inteligência medíocre pode facilmente dirigir um Estado, a partir do momento em que se encontre no lugar do poder.
(Adaptado de Ter ou Ser, Erich Fromm)
Reverberações de um Domingo quase verão: é urgente proteger o exercício da profissão docente.
Na Antiguidade clássica, os primeiros mestres, itinerantes, foram vistos de forma misteriosa e escutados em silêncio sabedor. Hoje, os silêncios são de outra natureza.
Encimei o post com um título respigado no blogue De Rerum Natura.
Aquém de tudo o que resta: desclientelizar Portugal.
Montaigne, fidalgo pensador do século XVI, oferece-nos no seu jeito irónico a seguinte passagem:
Quando os Godos saquearam a Grécia, o que salvou as bibliotecas de serem incendiadas foi ter um deles espalhado a ideia de que era preciso deixar intacto aos inimigos o motivo que os afastava dos exercícios militares e os distraía com ocupações sedentárias e ociosas.
Montaigne, Três Ensaios, Passagens, p.29
Proposta de um modelo educativo. Sintomas de vida.
Curva-te apenas para amar.
René Char
sophia de mello breyner andresen