Black Swan é um filme difícil de ver. De falar, ainda mais. Os objectos do discurso, explícitos ou não, são muitos, alargam o campo da discursividade sobre a capacidade humana de se aproximar dos limites para alcançar a perfeição, no seu limite final.
O Homem, como ser total, está presente em todo o seu esplendor, e, é, criador da arte como actividade essencialmente metafísica da vida humana.
O Cisne Negro leva a pensar que não há arte pela arte. A dicotomia razão versus emoção, está exposta, no filme, na sua máxima tragicidade. E lembra que a perfeição é obra dos deuses.
Em cada um de nós, o branco e o negro lutam quotidianamente para construirem uma síntese de vida; Sem cor, portanto.
O filme decorre num espaço-tempo onde dois impulsos-apolíneo e dionísiaco-, lutam em tensão permanente para originarem a arte, a Tragédia. O herói dialecta dilui-se no herói esteta.
Desde o princípio de individuação apolíneo, à máscara total da unidade dionisíaca, há sim, em Nina, a manifestação da Vontade de Poder.
O clímax surge no preciso momento em que os elementos-personagens que interagem no filme, deixam de ser artistas para se transformarem em obra de arte.
Um filme instigante; que rasga a alma. Para ver e rever.
sophia de mello breyner andresen