Procida, Nápoles
O carteiro de Pablo Neruda é um filme que não esquecemos. Foi na ilha de Procida que ganhou corpo. Há pouco tempo, em Abril, visitei-a. Tendo Neruda como guia, confirmei: Procida é autêntica, ainda. Aqui, “ a claridade está presa”.
Sobre o jovem carteiro não posso falar. Não o encontrei; e não o procurei. Mas a sua alma aprendiz do Amor, da Amizade e das Metáforas, acompanhou os passos deste itinerário.
Descrição
De acordo com Byung-Chul Han, uma das mais inovadoras vozes filosóficas surgidas na Alemanha, o Ocidente está a tornar-se uma sociedade do cansaço.
Segundo este autor germano-coreano, qualquer época tem as suas doenças características. Houve uma época bacteriana, que terminou com a descoberta dos antibióticos. A época viral foi ultrapassada através das técnicas imunológicas, apesar dos periódicos receios de uma pandemia gripal.
O início do século XXI, do ponto de vista patológico, seria sobretudo neuronal. A depressão, as perturbações de atenção devidas à hiperactividade e a síndroma do desgaste profissional definem o panorama atual.
Entrevista, Adrian Currie
2084 - Imagine é um ciclo de conversas sobre o tempo da próxima geração. Numa parceria entre o Centro Cultural de Belém e o PÚBLICO, a realizadora Graça Castanheira ouve pessoas que, a partir das suas áreas de estudo, pensam e idealizam a nossa existência comum, procurando debater especificamente o impacto das tecnologias emergentes na vida de todos os dias.
" (...) a história humana, embora velha de milénios, quando comparada às enormes tarefas que estão diante de nós, talvez tenha apenas começado. Na verdade, aqueles que não partilham a sua riqueza arriscam-se a partilhar a miséria alheia."
Norberto Bobbio, A Era dos Direitos
A criação artística e a obra de arte
No dia 10 de Junho de 1974, um grupo de quarenta e oito artistas plásticos pintou, em Lisboa, um mural que viria a desaparecer, num incêndio, em 1981. Entre os pintores, muitas caras conhecidas : Júlio Pomar, João Abel Manta, Nikias Skapinakis, Menez, Vespeira, Costa Pinheiro, etc., etc.
https://caminhosdamemoria.wordpress.com/2009/06/29/1974-uma-pintura-colectiva/
Um filme sobre a dimensão ética do agir e as subtilezas que radicam na construção do Homem enquanto agente moral, isto é, enquanto pessoa. A construção é delicada: na linguagem e no silêncio. É também um encontro com Camus, Nick Cave e Warren Ellis.
Influenciou gerações. Enquanto criador de linguagens, construiu mundo(s). Viveu a vida preparando-se para a morte. Sempre com muito humor. Um filósofo, portanto.
"Há duas maneiras de passear num bosque. Uma é experimentar um ou vários caminhos (...); a segunda é caminhar de modo a descobrir como o bosque é e por que são acessíveis certas veredas, e outras não."
Seis passeios nos bosques da ficção
A procura de uma Nova Terra — um planeta rochoso noutro sistema solar, a uma distância da sua estrela que permita água líquida na superfície e, assim, de vida — teve esta quinta-feira um novo desenvolvimento. A agência espacial norte-americana NASA anunciou a descoberta de um exoplaneta a 1400 anos-luz de distância de nós, na constelação do Cisne, que anda à volta de uma estrela idêntica ao Sol e a uma distância aproximada à que separa a Terra do Sol.
" Ninguém espera da música ou da arquitectura que reproduzam a realidade sonora nem o mundo das formas que podemos ver na natureza. São linguagens, artes da combinação e da composição de signos e de formas. Pode acontecer que a música reproduza instrumentalmente o som de um fenómeno real, como uma tempestade ou o ruído de uma batalha. Assim, "O amor" ou "vento na planície" são o tema de composições de Claude Debussy. Mas não reproduzem esses fenómenos exactamente: transfiguram-nos, evocam-nos, não os imitam. Uma tempestade numa ópera não é uma tempestade, é música.
Por que razão o que é evidente numa arte como a música deixaria de o ser em pintura? Por que não chamamos ao pintor um "compositor" tal como o fazemos com o músico? Estará o pintor vocacionado para copiar o mais exactamente possível o que é dado ao seu olhar? A sucessão de notas músicais não é uma sucessão de ruídos naturais. Por que razão pensar que o que vemos sobre a tela deve ser o que vemos no mundo?"
Hervé Boillot, 50 modèles de dissertations philosophiques. (adaptado)
A função da filosofia, escreve E. Morin, é a de alimentar o debate que permite fazer escolhas e dar um sentido à acção. E lutar contra um pensamento único, tecnocrático, que se imporia como evidência. Ora, a função do debate é essencial na Cidade, pois sem a crítica a tecnificação torna-se uma ameaça real à liberdade.
"A especificidade das tecnologias de comunicação do século XX, com a transmissão de som e de imagem, reside na sua capacidade para chegar a todos os públicos, a todos os meios sociais e culturais. À partida, os meios de comunicação social do século XX são tributários da lógica do número. E se algo pode simbolizar a sociedade dos nossos dias, esse algo será o tríptico: sociedade de consumo, democracia de massas e meios de comunicação social de massas - três características que instalam no coração da sociedade contemporânea a questão, tão essencial, mas tão pouco estudada, do número e da massa."
Dominique Wolton, E Depois da Internet?
xiii
2
Recordar não tem conteúdo vivencial.
(...)
3
Seria possível pensar a seguinte situação:uma pessoa recorda-se, pela primeira vez na
sua vida, duma casa e diz "Agora já sei o que é recordar, o que é que recordar me faz".
- "Como é que ela sabe que este sentimento é"recordar"? Compara: "agora já sei o que é
ser-se picado (acabava de receber pela primeira vez um choque eléctrico).
- Sabe ela que esta sensação é recordar, por ter sido provocada pelo passado?
E como é que ela sabe o que é o passado? O homem aprende o conceito de passado ao recordar.
(...)
L. Wittgenstein, Investigações Filosóficas, F. C. Gulbenkian, p. 609
Somos todos prisioneiros do labirinto do Tempo. Um sufoco, que urge viver. É este o paradoxo de que se alimentam os homens. É esta a aventura humana.
A nossa situação é a de Teseu caminhando às escuras num labirinto a que o fio de nenhum amor conduzirá ao lugar vazio de um Minotauro inexistente. O apocalipse não nos vem do exterior. Somos nós quem o transporta.
Eduardo Lourenço, O Espelho Imaginário
Este número aborda as relações entre cinema e filosofia: "filosofia do cinema" versus "cinema como filosofia".
Apetece rever (Ler e pensar) alguns dos artigos deste excelente conjunto de textos sobre filosofia da arte.
Somos nós os responsáveis pela guarda de nossos irmãos? Deveríamos ser? Ou essa função apenas atrapalharia os propósitos pelos quais estamos aqui na Terra — para produzir e consumir, segundo os economistas; para sobreviver e nos reproduzir, segundo os biólogos? Que essas duas visões pareçam tão semelhantes não é uma simples coincidência, uma vez que surgiram aproximadamente na mesma época e no mesmo lugar, em meio à Revolução Industrial inglesa. As duas adotam como princípio a ideia de que a competição é saudável.
Pouco tempo antes, e ligeiramente mais ao norte, na Escócia, o pensamento era outro. Adam Smith, o pai da economia, compreendia melhor do que ninguém que a luta em defesa de nossos interesses pessoais necessita ser temperada pelo sentimento de solidariedade. Ele defendeu esse ponto de vista em "A teoria dos sentimentos morais", um livro muito menos conhecido do que "A riqueza das nações". Smith iniciou seu primeiro livro com uma frase memorável:
Por mais egoísta que se possa admitir que seja o homem, é evidente que existem certos princípios em sua natureza que o levam a interessar-se pela sorte dos outros e fazem com que a felicidade destes lhe seja necessária, embora disso ele nada obtenha que não o prazer de a testemunhar.(...)"
De acuerdo con Chomsky, la educación, de cualquier nivel, debe hacer todo lo posible para que los estudiantes adquieran la capacidad de inquirir, crear, innovar y desafiar. “Queremos profesores y estudiantes comprometidos en actividades que resulten satisfactorias, disfrutables, desafiantes, apasionantes. Yo no creo que sea tan difícil”.
“En un seminario universitario razonable, no esperas que los estudiantes tomen apuntes literales y repitan todo lo que tú digas; lo que esperas es que te digan si te equivocas, o que vengan con nuevas ideas, que abran caminos que no habían sido pensados antes. Eso es lo que es la educación en todos los niveles”, concluyó.
sophia de mello breyner andresen