Cai o dia na Foz.
O mar anterior a tudo permanece coevo nos seus mistérios.
Mas a linha do horizonte continua infinita.
Há tanto acontecer naquilo que não se vê,
Mas se perscruta.
Inexoravelmente. Preito!
Gosto assim da Foz. Envolvida pela bruma, gera obscuridade nos rostos; obriga o olhar a dobrar-se sobre si mesmo para alcançar o lugar.
Mas, sim, estava um pouco lúgubre.
Hoje que a tarde é calma e o céu tranquilo,
E a noite chega sem que eu saiba bem,
Quero considerar-me e ver aquilo
Que sou, e o que sou o que é que tem.
(...)
1-8-1935
Fernando Pessoa
sophia de mello breyner andresen