A Gradiva começa bem o ano
«Linguagem e Silêncio - ensaios sobre a literatura, a linguagem e o inumano», de George Steiner
«Como considerar o poder e a utilidade da linguagem sabendo-se como foi usada para transmitir as falsidades mais ignominiosas nos regimes totalitários, ou serviu a demagogia repelente nas nossas democracias de consumo de massas? Como irá a linguagem reagir à exigência, cada vez mais premente, de um discurso preciso como a matemática e a notação simbólica? Estaremos a sair de uma era histórica de primazia verbal – a sair do período clássico da expressão escrita – e a entrar numa fase de linguagem decadente, de formas «pós-linguísticas» e talvez mesmo de silêncio parcial? Estas são algumas das questões fulcrais, em cada dia mais gritantes, que Steiner aborda neste livro, na sua prosa elegante e com a sensibilidade, a inteligência, a argúcia, a singularidade que todos lhe reconhecem.
“Uma análise extraordinariamente inteligente, brilhante, um desafio à reflexão, sobre as condições estranhas que a escrita moderna criou a si própria [...]. Poucos, muito poucos, escritores actuais têm tanto que valha a pena dizer sobre a produção escrita actual como este autor”, Joseph G. Harrison
A leitura do livro de Freud, Delírio e Sonhos na Gradiva de Jensen-publicação da Gradiva-, mais o fascínio que sinto pela etimologia das palavras, preencheram os últimos dias em pesquisas sobre o significado do termo Gradiva. Recuperando o sentido primeiro, em latim, significa aquela que avança.
Logo nas primeiras voltas, somos transportados para o museu Chiaromonti, no Vaticano, onde podemos contemplar um belo pedaço das Aglaurides - A Gradiva- baixo relevo do século II, representando uma jovem que levanta as vestes enquanto dança. Ainda na recuperação do sentido primordial do termo, encontramos a figura do deus romano Marte, Mars Gradivus- Marte que avança.
sophia de mello breyner andresen