"Só o bem pode ser profundo e radical."
Hannah Arendt
Acabei de ver "Hannah Arendt". Tendo como pretexto o julgamento de Adolf Eichmann, o filme expõe a radicalidade do acto de pensar e explica-nos, de forma clara, que a "banalidade do mal" resulta de um conjunto de actos rotineiros, acessíveis a qualquer ser, tão rotineiros que se torna impossível "cumprir as exigências da justiça". Quando os seres humanos se recusam a ser pessoas e se recusam a pensar, tornam-se incapazes de realizar juízos morais e as categorias éticas, que balizam a acção e o pensamento, desaparecem. De súbito, estamos perante " As origens do Totalitarismo", que Hannah avalia: "compreender não é perdoar". Deste modo, e quando Hannah afirma que "a manifestação do vento do pensamento não é pensar", mostra-nos a especificidade da problematização filosófica: a radicalidade, a universalidade, a autonomia e a historiciade. Uma lição, portanto.
O filme coloca ainda um vasto conjunto de questões, que atravessam a obra da filósofa, como as noções de aparência, realidade, culpa, perdão, justiça...permitindo-nos fazer uma comparação com o momento vivido pela sociedade portuguesa: o "mal" assola-nos, restará alguém para culpar, entre O Passado e o Futuro?
Conceptualmente, podemos chamar verdade àquilo que não podemos mudar; metaforicamente, ela é o solo sobre o qual nos mantemos e o céu que se estende por cima de nós.
Hannah Arendt, Verdade e Política, Relógio D`Água, p. 59.
sophia de mello breyner andresen