Freud ensinou a escavar as ruínas da nossa história pessoal, prática que como método dá acesso a nós próprios e, sabemos, desperta o recalcamento.
Quando Norbert Hanold encontrou o baixo-relevo, não se lembrou de que, quando era pequeno, já tinha visto os pés da amiguinha numa posição semelhante, não se lembrou de nada, embora tudo o que a escultura causou nele derivasse desse elo.
Freud, Delírio e Sonhos na Gradiva de Jensen, Gradiva, p.66
Um público comprometido com a leitura é crítico, rebelde, inquieto, pouco manipulável e não crê em lemas que alguns fazem passar por ideias.
Mário Vargas Llosa
O que é um Clássico? Isto no que diz respeito aos clássicos antigos tanto quanto aos clássicos modernos.
Haverá distinção entre ler e reler uma obra?
Não, não há. Nem tem muita importância.
Só os episódios de cada vida - no espaço e no tempo - pormenorizam a distinção.
Rerrelamos.
1. Os clássicos são os livros de que se costuma ouvir dizer: " Estou a reler..." e nunca " Estou a ler ".
4. De um clássico toda a releitura é uma leitura de descoberta igual à primeira.
5. De um clássico toda a primeira leitura é na realidade uma releitura.
6. Um clássico é um livro que nunca acabou de dizer o que tem a dizer.
14. É um clássico o que persiste como ruído de fundo mesmo onde dominar a actualidade mais incompatível.
Italo Calvino, Porquê Ler os Clássicos?, Teorema (1994, pág 7, 9, 12), Tradução de José Colaço Barreiros
A única asserção verdadeira consiste em afirmar que ler os clássicos é melhor do que não ler os clássicos.
(roubado casa das artes)
Sapateiro em Cabul, Afeganistão, espera: ler é ir ao encontro de si e do outro.
Experiência universalizável; desperta a necessidade de construção de um poema narrativo sem encenações dramáticas.
Ler; sem tempo, sem espaço. Ler.
Mesmo que seja um livro do deve-haver.
Fulguração do instante.
sophia de mello breyner andresen