O Homem moderno vive mergulhado na linguagem. Vive o presente em discurso e nele ganha existência. Não admira que a ciência dos signos seja um vasto campo de conhecimento, um objecto a pensar na sua essência.
Mas, dias há, tenho saudades do labirinto do pensamento mudo. Da fala viva, individual, que Saussure define como acto individual de vontade e inteligência.
Ramificações movediças da hora do dia.
As palavras não nos falam nunca em linha recta. Há sempre um estado de reflexão oscilante.
A Filosofia é uma elipse que contém dois centros, diz Schlegel.
O mundo é um conceito humano e circunscreve-se àquilo que pode ser captado pela consciência simbólica, isto é, pela linguagem.
O homem enquanto animal aflito e infinito, recorre à linguagem para se organizar. Através da palavra configura e amplia a experiência. Cria cultura.
O mundo real está constantemente a impor-se-nos, mas é a cultura que nos diz o que é a realidade.
Frank Smith (1994) Pensar, Lisboa, Instituto Piaget
A verdade, o mais belo nome da realidade, é uma vagabundagem divina.
Platão
sophia de mello breyner andresen