Quarta-feira, 12.09.12

(...) Direis: o magistrado fará, com as forças de que dispõe, o que julgar ser da sua alçada. Dizeis bem, responderei eu. Mas, aqui, investiga-se o modo como bem agir e não o êxito das coisas duvidosas.

Mas, vindo mais ao pormenor, digo: em primeiro lugar, o magistrado não deve tolerar nenhum dogma oposto e contrário à sociedade humana ou aos bons costumes necessários à conservação da sociedade civil. Mas tais exemplos são raros em qualquer igreja. Com efeito, os dogmas que claramente arruínam os fundamentos da sociedade são condenados pelo juízo do género humano; nenhuma seita levaria a loucura ao ponto de julgar que se devem ensinar dogmas em virtude dos quais os próprios bens, a paz e a reputação não estariam em segurança.

Em segundo lugar, um mal certamente mais escondido e mais perigoso para o Estado é constituído por aqueles que se arrogam, para eles e para a sua seita, um privilégio particular e contrário ao direito civil, que cobrem e disfarçam com discursos especiosos. Em lado algum, praticamente, encontrareis pessoas a ensinar crua e abertamente que não é necessária a fidelidade à palavra dada; que o príncipe pode ser afastado do trono por qualquer seita e que o governo de todas as coisas só a eles pertence. (...) Estas pessoas e outras semelhantes, que atribuem aos fiéis, aos religiosos, aos ortodoxos, isto é, a elas próprias, nas coisas civis, algum privilégio e algum poder de que o resto dos mortais não dispõe; ou que reivindicam para si, sob pretexto de religião, certos poderes sobre os homens estranhos à sua comunidade eclesiástica, ou que dela de qualquer maneira se separaram, estas pessoas não podem ter o direito de ser toleradas pelo magistrado; nem também os que não querem ensinar que é preciso tolerar os que entram em dissidência relativamente à sua própria religião. Que outra coisa ensinam estas pessoas e todos os da sua espécie senão que, na melhor ocasião, tentarão usurpar os direitos do Estado, os bens e a liberdade dos cidadãos?

 

Locke, Carta Sobre a Tolerância, trad. João da Silva Gama, Lisboa, Edições 70, 1996, pp. 116-117



publicado por omeuinstante às 17:31 | link do post

Quinta-feira, 17.03.11

A liberdade de consciência exige uma completa laicidade do espírito?

 

Escutando a Razão dentro de si,  Locke afirma: Pessoa é, penso eu, um ser pensante e inteligente, que possui razão e reflexão, e que se pode considerar a si mesma coisa pensante em diferentes momentos e lugares; o que só pode fazer graças a essa consciência que é inseparável do pensamento e, ao que me parece, lhe é essencial.

 



publicado por omeuinstante às 15:19 | link do post

443245.jpeg
Sem a música, a vida seria um erro. Nietzsche
links
posts recentes

Da Tolerância

Teses

Junho 2020
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9
10
11
12
13

14
15
16
17
18
19
20

21
22
23
24
25
26

28
29
30


tags

arte

cinema

david mourão-ferreira

educação

estética

eugénio de andrade

fernando pessoa

filosofia

fragmentos

leituras

literatura

livros

miguel torga

música

noctua

pintura

poesia

política

quotidiano

sophia de mello breyner andresen

todas as tags

arquivos

Junho 2020

Maio 2020

Junho 2019

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Janeiro 2018

Outubro 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

blogs SAPO