IIya Prigogine (1917-2003), Nobel da Química em 1977, aborda o problema do tempo através do uso de novas linguagens e, portanto, origina uma nova visão das ciências. A reconstrução dos conceitos da física leva-o a considerar a incerteza e a escolha como propriedades da existência humana, mas também do universo. Fruto da reflexão crítica de Prigogine surge a proposta de uma Nova Aliança entre o Homem e a Natureza e a de uma nova racionalidade. O Nascimento do Tempo é um pequeno texto resultante da transcrição de uma conferência apresentada por IIya Prigogine em Roma, a 12 de Fevereiro de 1987. Uma companhia oportuna para as noites claras de Agosto.
Começa assim:
O tema da minha comunicação diz respeito a uma pergunta clássica: o tempo tem um início? Sabemos que Aristóteles, no termo de uma análise do instante, concluía com a tese de que o tempo é eterno e que, na realidade, não se pode falar do seu início. Outras concepções, por exemplo as da tradição bíblica, levaram certos filósofos à ideia de que o tempo foi criado -num certo momento-, como as outras criaturas; tal foi, por exemplo, a opinião de Moisés Maimónides. Por seu lado, pensadores como Giordano Bruno ou Einstein acreditavam num tempo eterno. O que quereria agora mostrar-vos é que actualmente esta quaestio disputata pode ser retomada sob uma nova perspectiva.
Paideia é um dos livros da minha vida. A primeira leitura, ainda na adolescência, modelou e configurou, para sempre, o olhar que lanço sobre o Homem e sobre o Mundo. A plasticidade dos vocábulos gregos ficou gravada sob a pele; marcadores harmonizadores duma vida.
A educação participa na vida e no crescimento da sociedade, tanto no seu destino exterior como na sua estruturação interna e desenvolvimento espiritual; e, uma vez que o desenvolvimento social depende da consciência dos valores que regem a vida humana, a história da educação está essencialmente condicionada pela transformação dos valores válidos para cada sociedade.
Werner Jaeger, Paideia, Aster (1979), pág..4
sophia de mello breyner andresen