Segunda-feira, 25.04.16

 

Eu não tenho certezas, mas tenho convicções e uma das minhas convicções mais firmes é que nascemos para a liberdade.

 

Natália Correia



publicado por omeuinstante às 15:19 | link do post

Domingo, 03.04.16

 

(...) E invoco-vos, irmãos, Capitães-Mores do Instinto!
Que me acenais do mar com um lenço cor da aurora
E com a tinta azulada desse aceno me pinto:
O cais é a urgência. O embarque é agora. (...)


Natália Correia



publicado por omeuinstante às 19:00 | link do post

Quarta-feira, 16.05.12

Poema de Joán Zorro, do Cancioneiro da Biblioteca Nacional (outrora Cancioneiro Colocci-Brancuti) dito por Natália Correia e António Vitorino de Almeida, do álbum "Improvisos". 

-Cabelos, los meus cabelos,
el-Rei m'enviou por elos: madre, que lhis farei? -Filha, dade-os a el-Rei.



publicado por omeuinstante às 12:27 | link do post

Sábado, 31.03.12

ó subalimentados do sonho!

a poesia é para comer.

 

Natália Correia



publicado por omeuinstante às 17:40 | link do post

Sexta-feira, 09.03.12

Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
pela branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego,
dos pastos,
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz,
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História,
deixa passar a Vida!

Natália Correia, in O Sol nas Noites e o Luar nos Dias



publicado por omeuinstante às 09:00 | link do post

Quarta-feira, 25.01.12

 Pelo lápis multipétalo de Natália, recebemos a sustentável leveza do sentir; do ar proibido que respiramos. 

 

 Este homem que entre a multidão 

enternece por vezes destacar 
é sempre o mesmo aqui ou no japão 
a diferença é ele ignorar. 

Muitos mortos foram necessários 
para formar seus dentes um cabelo 
vai movido por pés involuntários 
e endoidece ser eu a percebê-lo. 

Sentam-no à mesa de um café 
num andaime ou sob um pinheiro 
tanto faz desde que se esqueça 
que é homem à espera que cresça 
a árvore que dá dinheiro. 

Alimentam-no do ar proibido 
de um sonho que não é dele 
não tem mais que esse frasco de vidro 
para fechar a estrela do norte. 
E só o seu corpo abolido 
lhe pertence na hora da morte. 

Natália Correia, O Vinho e a Lira



publicado por omeuinstante às 12:29 | link do post

Quarta-feira, 23.11.11

Há noites que são feitas dos meus braços
E um silêncio comum às violetas.
E há sete luas que são sete traços
De sete noites que nunca foram feitas.

Há noites que levamos à cintura
Como um cinto de grandes borboletas.
E um risco a sangue na nossa carne escura
Duma espada à baínha dum cometa.

Há noites que nos deixam para trás
Enrolados no nosso desencanto
E cisnes brancos que só são iguais
À mais longínqua onda do seu canto.

Há noites que nos levam para onde
O fantasma de nós fica mais perto;
E é sempre a nossa voz que nos responde
E só o nosso nome estava certo.

Há noites que são lírios e são feras
E a nossa exactidão de rosa vil
Reconcilia no frio das esferas
Os astros que se olham de perfil.

Natália Correia



publicado por omeuinstante às 10:00 | link do post

Quarta-feira, 05.10.11

Eu sou líquida mas recolhida
no íntimo estanho de uma jarra
e em tua boca um clavicórdio
quer recordar-me que sou ária

aérea vária porém sentada
perfil que os flamingos voaram.
Pelos canteiros eu conto os gerânios
de uns tantos anos que nos separam.

Teu amor de planta submarina
procura um húmido lugar
Subitamente preencho a piscina
que te dê o hábito de afogar.

Do que não viste a minha idade
te inquieta como a ciência
do mundo ser muito velho
três vezes por mim rodeado
sem saber da tua existência

Pensas-me a ilha e me sitias
de violinos por todos os lados
e em tua pele o que eu respiro
é um ar de frutos sossegados.

Natália Correia, O Vinho e a Lira (1969) 



publicado por omeuinstante às 15:00 | link do post

Quarta-feira, 17.08.11

Pusemos tanto azul nessa distância

ancorada em incerta claridade

e ficamos nas paredes do vento

a escorrer para tudo o que ele invade.

 

Pusemos tantas flores nas horas breves

que secam as folhas nas árvores dos dedos.

E ficámos cingidos nas estátuas
a morder-nos na carne dum segredo.

 

Natália Correia, in Poemas, D. Quixote, p. 54 



publicado por omeuinstante às 17:42 | link do post

Quinta-feira, 14.04.11
 

Harmonioso vulto que em mim se dilui.

Tu és o poema

e és a origem donde ele flui.

Intuito de ter. Intuito de amor

não compreendido.

Fica assim amor. Fica assim intuito.

Prometido.

 

                     

Natália Correia

 


publicado por omeuinstante às 13:26 | link do post

Domingo, 27.03.11


publicado por omeuinstante às 12:44 | link do post

Domingo, 09.01.11

A partir de hoje, se alguém me quiser encontrar, procure-me entre o riso e a paixão.

 

Natália Correia



publicado por omeuinstante às 19:00 | link do post

Terça-feira, 28.12.10

Sem memória não há pensamento, sem pensamento não há ideias, e sem ideias não há futuro.


Natália Correia



publicado por omeuinstante às 11:37 | link do post

Terça-feira, 09.11.10

Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na Deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,
Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,
Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,
Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen

 

Natália Correia



publicado por omeuinstante às 23:21 | link do post

Nada a fazer amor, eu sou do bando
Impermanente das aves friorentas;
E nos galhos dos anos desbotando
Já as folhas me ofuscam macilentas;
E vou com as andorinhas. Até quando?
À vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estroina serei em mãos sedentas.
Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
Em ileso beiral, aí espera:
Andorinha indemne ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto.

 

Natália Correia



publicado por omeuinstante às 11:22 | link do post

Sexta-feira, 20.08.10

 

Quanto Mais Amada Mais Desisto

De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.

E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.

Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.

Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.

Natália Correia

Oferecido por Deusas e Mulheres

Reedição



publicado por omeuinstante às 11:11 | link do post

443245.jpeg
Sem a música, a vida seria um erro. Nietzsche
links
posts recentes

25 de Abril - 2016

Convocação

Improvisos definitivos

Fragmentos

Ode à Paz

Balada para um Homem na M...

Recusa Das Imagens Eviden...

A Arte de ser Amada

Incerta claridade

Fica Assim!

Junho 2020
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9
10
11
12
13

14
15
16
17
18
19
20

21
22
23
24
25
26

28
29
30


tags

arte

cinema

david mourão-ferreira

educação

estética

eugénio de andrade

fernando pessoa

filosofia

fragmentos

leituras

literatura

livros

miguel torga

música

noctua

pintura

poesia

política

quotidiano

sophia de mello breyner andresen

todas as tags

arquivos

Junho 2020

Maio 2020

Junho 2019

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Janeiro 2018

Outubro 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

blogs SAPO