"A decência manda que ninguém obtenha um emprego devido a uma injustiça, ainda que não tenha culpa nenhuma. Ninguém deve ser beneficiário de um erro grosseiro:"
Dia Internacional do Idoso
Os dados são tudo menos animadores: segundo um estudo divulgado pela Pordata, a propósito do Dia Internacional do Idoso que se assinala esta quarta-feira, não só Portugal é o 4.º país da União Europeia com maior percentagem de idosos (18%), como 23,6% destes vivem sozinhos e abaixo do limiar de pobreza. Além disso, o montante da grande maioria (77,9%) das pensões de velhice da Segurança Social é inferior ao salário mínimo nacional. Recuando um pouco no padrão etário, é também relevante dizer que em 2013, só 47% dos indivíduos entre os 55 e os 64 anos estavam empregados. A soma destes elementos negativos coloca-nos desafios a prazo que teremos necessariamente de superar. Se é verdade que os idosos em Portugal vão passar dos actuais dois milhões para mais de três milhões em 2060, é também verdade que nessa altura serão mais qualificados e, talvez por isso, menos sós. Mas é ao presente, amargo, que teremos de dar resposta.
Excelente artigo de Isabel Lucas, no Público de hoje. Sabe bem lê-lo e partilhá-lo.
"Uma das características tradicionais do que se chamava ‘intelectual’ era abanar os conformismos e ir contra o bom senso, aquilo em que se acredita, os clichés, a mesmice." José Gil
“Os intelectuais erram, já erraram muitas vezes, mas faz parte”, diz Rui Ramos. “Havia uma frase muito representativa do que era isso e que está ligada a uma característica difícil de definir, o carisma, que é integrante de um intelectual: dizia-se que era melhor errar com Sartre do que estar certo com Aron [Raymond Aron, 1905-1983, intelectual de direita, ao contrário de Sartre, autor do livro O Ópio dos Intelectuais, uma reflexão sobre o poder].” Os erros de Sartre, de Foucault, o apoio à revolução islâmica do ayatollah Khomeini, em 1979, ou o anti-semitismo de Céline são lembrados também por Pedro Mexia e António Pinho Vargas. “A ideia é errar melhor”, afirma Delfim Sardo. “Para pensar, temos de nos distanciar”, insiste Maria Filomena Molder. Estar perto do poder é não conseguir olhá-lo dessa forma. Não é impossível a relação entre pensador e poder. Mas é complicada a partir do momento em que comece a toldar o espírito crítico.”
O físico norte-americano Alan Guth propôs, em 1980, a ideia de que quase imediatamente após o Big Bang – a cataclísmica explosão que criou o espaço e o tempo, há uns 13.800 milhões de anos –, o Universo, que era inicialmente um grãozinho microscópico, adquiriu de forma incrivelmente rápida mais ou menos o tamanho de uma bola de futebol. Esta brutal “inflação” – a palavra é de Guth – permitia, nomeadamente, explicar por que é que o Universo é tão uniforme em todas as direcções.
Ciência Público
Ontem, no Público
O sistema funciona como uma série de cavernas rochosas, em que já não sabemos se estamos a ouvir o grito ou o eco. A notícia é já somente a reverberação daquilo que disse fulano sobre o que comentou sicrano acerca do desafio lançado por beltrano.
(...)
A verdadeira tragédia anda soterrada debaixo de tanto falatório. Está nas pessoas desempregadas, na dificuldade em pagar as contas, nas dívidas que se acumulam, nos negócios que vêem aproximar-se a guilhotina das falências. Pior, a verdadeira tragédia vive exacerbada por este ambiente político e mediático: esperando por um ponto de viragem, mas só encontrando no discurso público inconsequências e mais-do-mesmo, as pessoas acabam por descrer.
Rui Tavares
Artigo de Gonçalo M. Tavares
A bondade salva cada vez menos, e isso assusta. No mundo de paisagem técnica em que os elementos naturais estão escondidos - quase já não há montanha, nem terra - cada vez mais, salva quem sabe onde ligar ou desligar a electricidade; aquele que sabe mexer nos comandos da casa das máquinas.
A cosmologia é uma ciência fascinante. Há muitos anos que acompanho a evolução do objecto de estudo desta disciplina científica e com mais precisão o modelo do universo em expansão.
Diz um comentador do Público: daqui a 1 trilião de anos, o universo vai extinguir-se devido à sua expansão e arrefecimento, devido ao efeito da energia negra que supera o efeito da gravidade.
Faltam estrelas no céu.
António Cândido Miguéis escreve, hoje, no Público, o artigo Em busca do Graal da felicidade. Através de pequenos quadros interpretativos, que vão desde a visão pessimista - a felicidade é um bem para os tontos e para os ingénuos -, até à ideia de que ser feliz é um dom interior, alcançável pela busca incessante de instantes aprazíveis, sobrevoamos a história da condição humana e a busca da felicidade. Uma promessa que o homem sempre porfiou. No fundo, e sempre, somos nós que, em perspectiva, fazemos o caminho.
António Miguéis fecha o debate usando uma bela citação de José Luís L. Aranguren:
A felicidade é o dom da paz interior, da conciliação de nós próprios com tudo e com todos. A felicidade como pássaro livre não estará nunca na mão, mas sempre voando. Quiçá, com sorte e quietude de nossa parte, ela pouse, por instantes, sobre a nossa cabeça.
Um breve bater de asas...
Quanto tempo Portugal vai estar assim? Uma pergunta humanista que resulta da colocação de dilemas morais do presente. Dilemas do homem comum, não da classe dirigente. Hoje, no Público.
A pergunta só é crucial para alguns, não é para todos e é por isso que (...) só é uma pergunta para quem não vive bem, ou vive cada vez pior.
(...)
O resultado é um abismo psicológico cada vez maior que vai tornar Portugal numa sociedade ainda mais dual do que já era, duas partes que sentem diferente, agem diferente e vivem diferente.
Numa sociedade já muito descalçada e fragmentada, este abismo entre pessoas e grupos sociais vai coalescer os fragmentos, um para cada lado, mas não os vai aproximar.
(...)
É por isso que anda um Portugal lá fora desiludido, revoltado, deprimido, sem esperança, nem sentido, que, ou cai na mais completa anomia e submissão, ou esbraceja sem sentido contra tudo e contra todos. É a grande tragédia da política democrática é que essas pessoas estão sós, não contam com ninguém a não ser com os restos que ainda subsistem de genuina solidariedade social, e do que sobra da família, estilhaçada pela engenharia " fracturante" das últimas décadas. A elite dirigente, política e económica, sabe pouco desse sentimento de solidão, e, pior ainda, sabe cada vez menos, porque os modos de vida se separam todos os dias, entre o conforto do poder e a devastação da pobreza. O rasgão que isto está a fazer num Portugal já muito puído será muito difícil de remendar.
José Pacheco Pereira. Historiador.
Os sonhos afiguram-se como estradas de acesso ao inconsciente e ao cérebro onde estão despidos e sem necessidade de interpretação. Diz-se.Também, mapas e modelos de realidade virtual. Certo, certo é que não podemos não sonhar.
Hoje no Público.
O que vamos sabendo do Universo. A cores.
Belo texto de Frei Bento Domingues, hoje, no Público.
(...)
Se a poesia é a única prova concreta da existência do ser humano como humano, a música é a alma de toda a poesia, presente, aliás, no ritmo de todas as artes que verdadeiramente o sejam. Como linguagem suprema da transcedência humana, rasga o tecto do mundo, expõe-se ao sopro divino, religação do céu e da terra.
M. S. Lourenço sustenta, nos Degraus do Parnaso, que a literatura, entendida como incluindo a poesia e a prosa, tem a tarefa de nos levar até à fronteira do inexprimivel. Para ele, o problema subjacente consiste em que a linguagem, de que a literatura é a arte (no sentido em que a música é a arte do som), funciona dentro de limites que não podem ser ultrapassados. Isto leva a que a linguagem não seja capaz de representar completamente todo o âmbito da experiência. Existe, assim, uma parte da experiência que não é representável linguisticamente, logo literalmente.
Este poeta chama inexprimivel a este domínio da experiência linguisticamente inacessível. A grandeza relativa da arte da linguagem pode, justamente, medir-se pela sua capacidade de levar o leitor à intuição desse domínio, embora dele não possa ser feita qualquer descrição. O verdadeiro artista é aquele que encontrou expressão simbólica da experiência transcendente.
Por este caminho, M. S. Lourenço colocou a questão das fronteiras entre a literatura e a religião. Tem defendido a ideia de que o oculto religioso não existe incondicionalmente e que a expressão da experiência religiosa é condicionada pela formulação literária que a descreve, uma vez que esta é o veículo da asserção religiosa. Neste sentido, uma doutrina religiosa é apenas tão verdadeira quanto o for a formula literária que a transmite.
(...)
Hoje, no Público (P2), Cummings, poeta e dramaturgo norte-americano, 1894-1962:
A função do amor é fabricar desconhecimento.
À força de falarmos de amor, apaixonamo-nos.
Pascal, físico e filósofo francês (1623-1662)
Público (P2)
A má-língua nada tem a ver com o espírito crítico, que se caracteriza pela capacidade de ver, analisar e avaliar, isto é, saber destrinçar para decidir segundo todos os dados recolhidos. A má-língua é derrotista e paralisante. O espírito crítico, pelo contrário, (...) levanta questões que, pondo em causa falsas evidências, abrem caminho à investigação do desconhecido.
Frei Bento Domingues, Público
Embora ateia, leio com gosto Frei Bento Domingues.
Retive a frase que citou hoje, no Público, arrancada aos ensinamentos da parábola de S. Lucas:
Quem é fiel nas coisas pequenas também é nas grandes; e quem é injusto nas coisas pequenas também é injusto nas grandes.
Ontem, no Público (P2), escrito na pedra:
As dores ligeiras exprimem-se; as grandes dores são mudas.
Séneca, filósofo romano (4 a.C. - 65 d.C)
A caminho do Rei Sol.
sophia de mello breyner andresen