Certo! A escola pública de qualidade é a única que garante igualdade de oportunidades.
"Os impostos que pagamos são para manter um ensino público que garanta da melhor forma possível um princípio base das democracias europeias: a igualdade de oportunidades"
"Essa liberdade de escolha de que tanto se fala esbarra com a vontade dos colégios privados e com profundas desigualdades sociais. O Estado teria de superar essa falha privada, abrindo as portas a serviços públicos feitos apenas para os pobres. Resultado? Teríamos de ir até outros continentes menos desenvolvidos para os encontrar. Finalmente, os rankings mostram-nos que escola privada não significa melhor qualidade. Há de tudo. Todas as democracias, sem excepção, se debatem com os mesmos problemas e os vão resolvendo à sua maneira."
"E se parássemos para pensar?" Teresa de Sousa (29/05/2016)
"Nunca um ministro disse algo que se aproximasse. Conheço bem o tema e estou à vontade para o sublinhado. A Secretária de Estado da Educação afirmou ontem, na mesma sessão, que finalizou um estudo sobre a rede escolar e que nos anos iniciais de ciclo não ficarão salas vazias nas escolas públicas que se situem "ao lado" de colégios financiados pelo Estado."
Os balanços desta histórica jornada dos professores são diversos.
É evidente que a devastação a que têm estado sujeitos o sistema escolar e o estatuto profissional dos professores já tem uns anos e ficou intocável (não os vou enumerar pela centésima primeira vez e desculpem-me).
Como sempre se disse, o denominador comum entre os professores é forte (se calhar até diminuíram os motivos de desunião e estamos numa fase elevada de coesão) e isso é um importante aviso às navegações do presente e do futuro. Há os que entendem que as greves deviam continuar até se atingir o cume, embora achem que o prolongamento desta semana seja escusado e que apenas serve a estratégia da CGTP na luta contra o Governo e estas políticas. Regista-se a contradição. Na minha opinião, teriam terminado no momento do entendimento para vincar bem a vitória dos professores e a greve geral de 27 é já outro assunto onde milhares de professores não terão sequer serviço distribuído (e que me desculpem os sobrecarregados correctores de exames).
Perguntam-me: mas terminar sem as questões fundamentais resolvidas? Tendo em conta as circunstâncias, é mais do que razoável. Bem sei que se eliminou a memória, mas nunca pensei que já nem um mesito ou dois se conseguisse recuar.
Senão vejamos: alguém duvida que os professores do quadro teriam uma mobilidade de 200 kms com escolha da escola por parte da administração central? Alguém duvida que a componente lectiva ia ser aumentada em 2 ou 3 horas com a passagem para 40 horas e que existiria uma exclusão lectiva das direcções de turma? Alguém duvida que os professores com mais idade ficariam sem a justa redução da componente lectiva (a legalidade com este Governo já se sabe o que é)? Alguém duvida que as eufemísticas requalificacões se aplicariam já em Setembro como ante-câmara do despedimento de milhares de professores (e de mais fugas para a reforma com brutais penalizações) que se somariam à tragédia de mais uma vaga de desemprego para milhares de professores contratados?
O que se conseguiu foi pouco? Se se renovou a esperança de milhares de contratados e se se atenuou a dor de milhares de professores do quadro, não foi pouco não. Sim, é pena como disse Wittgenstein, que a linguagem não transmita literalmente a dor. Às tantas, e como alguém disse, a esmagadora adesão dos professores deveu-se ao facto de ninguém se sentir a salvo. Que seja. É também, e por incrível que pareça, um excelente sinal para o futuro da resistência do grupo profissional a que me orgulho de pertencer (e se pertencesse a outro teria decerto o mesmo sentimento).
Caldas da Rainha: em defesa da escola pública
Aqui
Ninguém compreende mas alguns entendem o apagão (previsto) do dia seguinte. E como a sombra cresce sob as asas do poder...
Depois do dia em verso, o inverso:
A criação dos chamados mega-agrupamentos. Mais uma etapa da gestão caótica que invade o sistema escolar.
Diz o Conselho Nacional de Educação: O reforço da centralização burocrática dentro dos agrupamentos, o aumento do fosso entre quem decide e os problemas concretos a reclamar decisão, a sobrevalorização da gestão administrativa face à gestão autónoma das vertentes pedagógicas, tem vindo a criar problemas novos onde eles não existiam.
Pois, sabíamos, sabemos: um modelo organizacional falho e pernicioso.
Alunos dos tempos modernos: um termina a licenciatura ao Domingo; outro faz o curso num ano. Cada vez se percebe melhor a coerência desta gente: Escola para quê? Encerrem-nas! Encerram-as. Todos os dias. O Ministro Crato que se cuide, um dia destes acorda com o estatuto de professor com horário zero.
Deprimente. Apetece-me o sossego, pois "Quietos fazemos as grandes viagens".
sophia de mello breyner andresen