A retórica é insubstituível. Não o fosse, há muito tempo teria sido substituída. Por certo enseja abusos; por certo às vezes permite o triunfo da habilidade sobre o justo direito; mas às vezes não significa sempre, e não se pode condenar o uso pelo abuso.
Olivier Reboul, Introdução à Retórica.
Marcus Tullius Cícero (106 a.C-43 a.C) foi escritor, filósofo e orador romano. Deixou profunda matéria sobre Retórica, aproxima-a da Filosofia e, pela sua revalorização, contraria a tradição filosófica grega.
No Orador, Cícero define as três tarefas do orador: quid dicat, quid-que loco, quo modo- que dizer, com que ordem, de que forma.
Este homo nouus- acusação grave na época- explica de forma clara que todas as partes concorrem para a obtenção da vitória da acção de falar em público.
Assim definida, a Retórica é uma arte da oratória que submete as regras da linguagem à expressividade do corpo e à teatrealidade da palavra.
Com Cícero percebemos que qualquer discurso é para além de escutado, observado. Com Cícero, o corpo fala.
Assim como o rosto é a imagem da alma, assim os olhos são os intérpretes.
Cícero, Orador
Um homem escravo das suas paixões não pode ser amado nem pelos outros nem pelos deuses. Ele é incapaz de ter interesses comuns com os demais e, sem interesses comuns, não pode haver amizade.
Platão, Górgias
sophia de mello breyner andresen