O filme A Árvore da Vida, de Terrence Malick, transporta-nos através dos olhos de Jack, da sociedade e da natureza, até ao fim-início do Tempo, onde se guardam os segredos das Origens e o significado da Vida.
Pela força dum movimento generativo, Malick cria a realidade no seu todo e, nós, que dela fazemos parte, pela participação e presença, vamos emergir deste vórtice.
Um filme com várias camadas, onde a analogia é o laço que prende as diversas pontas de sentido. Do Microcosmos Humano ao Todo Macrocósmico do Universo somos confrontados com a Substância, simultaneamente imanente e transcendente a todas as coisas. Começa, aqui, o necessário renascimento espiritual do homem- sem figuras de estilo, nem expressão meramente simbólica- num apelo à urgência da sua transformação absolutamente essencial, ontológica. É, também, o princípio de um questionamento profundo: Porquê o Universo e não o Nada? Entramos no Símbolo como casa do Ser e da Verdade. Ainda, nesta radicalidade, sobressai a consciência do homem e a sua interdependência com o Todo existente e, fica a convicção de Malick, da possibilidade do homem renascer usando as suas potencialidades naturais; vislumbre da consciência como Unidade Cósmica e como Simpatia Universal.
Para Malick, a Árvore da Vida -O Grande Carvalho- está em cada ser infinitesimamente grande, de matéria e espírito, capaz de, por si, caminhar até às estrelas em Absoluta Unidade com o Todo.
Um filme poético, inspirador, mas levemente frustrante.
sophia de mello breyner andresen