Morre, aos 63 anos, o actor Robin Williams (21 de julho de 1951-11 de agosto de 2014).
Ó Capitão! meu Capitão! Finda é a temível jornada,
Vencida cada tormenta, a busca foi laureada.
O porto é ali, os sinos ouvi, exulta o povo inteiro,
Com o olhar na quilha estanque do vaso ousado e austero.
Mas ó coração, coração!
O sangue mancha o navio,
No convés, meu Capitão
Vai caído, morto e frio.
Ó Capitão! meu Capitão! Ergue-te ao dobre dos sinos;
Por ti se agita o pendão e os clarins tocam teus hinos.
Por ti buquês, guirlandas… Multidões as praias lotam,
Teu nome é o que elas clamam; para ti os olhos voltam,
Capitão, querido pai,
Dormes no braço macio…
É meu sonho que ao convés
Vais caído, morto e frio.
Ah! meu Capitão não fala, foi do lábio o sopro expulso,
Meu calor meu pai não sente, já não tem vontade ou pulso.
Da nau ancorada e ilesa, a jornada é concluída.
E lá vem ela em triunfo da viagem antes temida.
Povo, exulta! Sino, dobra!
Mas meu passo é tão sombrio…
No convés meu Capitão
Vai caído, morto e frio.
Walt Whitman
Não deixes que termine o dia sem teres crescido um pouco,
sem teres sido feliz, sem teres aumentado os teus sonhos.
Não te deixes vencer pelo desalento.
Não permitas que alguém retire o direito de te expressares,
que é quase um dever.
Não abandones as ânsias de fazer da tua vida algo extraordinário.
Não deixes de acreditar que as palavras e a poesia podem mudar o mundo.
Aconteça o que acontecer a nossa essência ficará intacta.
Somos seres cheios de paixão.
A vida é deserto e oásis.
Derruba-nos, ensina-nos, converte-nos em protagonistas de nossa própria história.
Ainda que o vento sopre contra, a poderosa obra continua:
tu podes tocar uma estrofe.
Não deixes nunca de sonhar, porque os sonhos tornam o homem livre.
Walt Whitman
Esta manhã, antes do alvorecer, subi numa colina para admirar o céu povoado,
E disse à minha alma: Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?
E minha alma disse: Não, uma vez alcançados esses mundos prosseguiremos no caminho.
Walt Whitman
Oh eu, oh vida
Das perguntas sempre iguais
Dos interminaveis comboios de descrentes
Das cidades a abarrotar de idiotas
O que há de bom no meio disto?
Estás aqui
A vida existe e a identidade
A pujante peça continua
E podes contribuir com um verso
Walt Whitman
(...)
Ouvi o murmúrio das ondas e da areia como se quisessem
felicitar-me,
Porque aquele a quem mais amo dormia a meu lado sob a mesma
manta na noite fresca,
Na quietude daquela lua de outono o seu rosto inclinava-se para
mim,
E o seu braço repousava levemente sobre o meu peito - nessa
noite fui feliz.
Walt Whitman, Cálamo, Assírio & Alvim,1993, p 43
Carpe diem, rapazes, tornem as vossas vidas extraordinárias!(...)
Quero revelar-vos um segredo. Aproximem-se. Não lemos e escrevemos poesia só porque é giro; lemos e escrevemos poesia porque fazemos parte da raça humana. E a raça humana está impregnada de paixão.
Medicina, direito, gestão, engenharia são nobres actividades necessárias à vida.
Mas a poesia, a beleza, o romance, o amor são as coisas que nos fazem viver.
Extraído do filme, O Clube dos Poetas Mortos
Outro dizer
Apanha os botões de rosa enquanto podes
O tempo voa
E esta flor que hoje sorri
Amanhã estará moribunda
Walt Whitman
Não escarneço nem refuto, testemunho e espero.
Walt Whitman, Canto de Mim Mesmo
O escandaloso poeta e jornalista americano Walt Whitman (1819-1892) está entre os eleitos.
É um poeta do canto do corpo, da carne e da alma. Com ele ouvimos vozes libidinosamente proibidas mas diáfanas.
Poesia onde o que é insignificante vale tanto como o resto: uma folha de erva não vale menos que a jornada das estrelas.
Ascensão em verso livre do não-poético.
I
Celebro-me e canto-me,
E aquilo que assumo tu deves assumir,
Pois cada átomo que a mim pertence a ti pertence também.
Vagueio e convido a minha alma,
À vontade vagueio e inclino-me a observar a erva do Verão.
A minha língua, cada átomo do meu sangue, composto deste solo, deste ar,
Aqui nascido de pais aqui nascidos de outros pais nascidos, e dos seus pais também,
Eu, aos trinta e sete anos, de perfeita saúde começo,
Esperando que só a morte me faça parar.
Suspensos os credos e as escolas,
Retiro-me por certo tempo, deles saturado mas não esquecido,
Sou o porto do bem e do mal, e seja como for falo,
Natureza sem obstáculos com a sua energia original.
Walt Whitman, Canto de Mim Mesmo, trad. José Agostinho Baptista, Assírio e Alvim,1992, pág 9
sophia de mello breyner andresen